A  TORRE  DA  BENFEITA

Fonte: A Comarca de Arganil
Data: 16/03/1945

A iniciativa de uma aldeia

A tôrre da Benfeita

QUE PERPETUARÁ A PAZ
PORTUGUESA
E O FIM DA GUERRA

está já concluída

Fotografia de V.Quaresma - Junho 2001

Concluiu-se já a construção da Tôrre Salazar, erguida no adro da linda capela octogonal de Santa Rita, na Benfeita, para comemorar a paz portuguesa e homenagear o Chefe do Govêrno e a sua clarividente e quasi milagrosa política internacional, que preservou a nossa pátria dos horrores da guerra.

A tôrre tem 11 metros de altura, oito desde a base até à cimalha e três de cúpula, sendo rematada por um artístico catavento, desenhado pelo distinto pintor sr. Abílio de Matos e Silva, e de cuja execução se encarregou o sr. António Correia, dedicado benfeitense e importante industrial em Lisboa.
É quadrada a tôrre, e tem duas ventanas para a colocação de sinos. Um, pesando 30 quilos pouco mais ou menos, já está colocado na ventana sul. Servirá para anunciar os actos de culto da capela de Santa Rita. O outro, com 60 quilos de pêso, acaba de ser fundido em Ermezinde e deve chegar à Benfeita no princípio da próxima semana, sendo colocado na ventana que olha a povoação. Este é o "sino da Paz", porque, conforme uma das inscrições que nele estão gravadas, "há-de tocar pela primeira vez, em alegres repiques, para anunciar o fim da guerra na Europa", a chegada da pomba da paz ao devastado e ensanguentado continente europeu.

Dentro de oito ou dez dias, o histórico sino estará colocado no seu lugar, e Deus permita que não se faça demorar muito a hora desejada, em que o seu alegre repique corra de quebrada em quebrada, por vales e montes, a anunciar a boa nova.

Pequena e rústica, mas de gente trabalhadora, honrada e bairrista, a Benfeita marcou, pela sua iniciativa, um lugar especial na nossa terra. Quantas povoações, de maior grandeza e valor, teriam desejado assumir a atitude que a Benfeita tomou para si: - comemorar a paz portuguesa e homenagear o seu intemerato e clarividente defensor?
Quantas?! E, afinal, foi a Benfeita, pobre e humilde, que deu o primeiro passo, e soube traduzir, com simplicidade, a sua gratidão por não ter sido violada a paz da nossa terra, e a sua alegria pelo desaparecimento, da Europa, do horrível monstro da guerra.

Honra lhe seja, honra de que todo o nosso concelho pode comparticipar, porque a Benfeita é uma das suas mais dedicadas freguesias, e porque certamente todo o concelho se associará às festas que os benfeitenses projectam realizar, possìvelmente no próximo mês de Setembro para complemento da sua iniciativa, festas em que haverá uma luzida procissão em louvor e honra da Senhora da Paz, cuja imagem, tão antiga como comovedora, se venera há séculos na sua pequenina capela do Sardal.