A NOVA "ESCOLA" DA BENFEITA |
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"HOMESCHOOLING" IN BENFEITA Esta nova "escola" da Benfeita (e por Escola entendemos: "estalelecimento, público ou privado onde se ensina determinada disciplina ou actividade"), foi criada em 2018 por iniciativa de um grupo de senhoras voluntárias, maioritariamente integradas na comunidade estrangeira, com filhos em idade escolar, e pré-escolar, com o objectivo de lhes proporcionar um tipo de aprendizagem que respeitasse o seu tempo, a sua cultura e a sua língua, sem imposição de regras restritivas, tendo em conta a barreira linguística existente no ensino oficial, dado muitos professores não falarem em inglês com os seus alunos e os programas das escolas públicas serem ensinados exclusivamente em língua portuguesa. Achámos esta situação muito interessante e digna de mérito, pelo que agendámos uma data para a nossa visita. Porém, ao sermos recebidos, fomos logo esclarecidos de que "aquilo" não era uma escola, mas sim um Centro Comunitário, a que chamam Projecto Folha Verde, e que não podíamos tirar fotografias, nem às instalações, nem às crianças. Lamentámos, mas o argumento era forte: «Os pais das crianças não autorizavam!» Aceitámos e compreendemos esta
imposição, embora não nos tenhamos inibido de fotografar
a paisagem, logo abaixo do Santuário de Nossa Senhora das Necessidades,
no local onde outrora funcionou um lagar de azeite, conhecido por "lagar
das barrocas", movido pela força das águas da Ribeira
da Mata. Um local tranquilo e recatado, onde se respira o ar puro, embora
todo o local ainda se encontre refém das marcas fatídicas
dos incêndios ocorridos naquela zona em 2017, claramente visíveis
em dezenas e dezenas de árvores carbonizadas. Click na foto para ampliar Esta escola está localizada entre a Benfeita e a Fraga da Pena, e é servida por um caminho em terra batida que desce desde a Senhora das Necessidades até à Ribeira da Mata, na zona da Argunte que, devido ao seu mau estado, não permite o transporte dos alunos até ao edifício escolar, os quais ainda têm de percorrer o resto do trajecto a pé, o que constitui algum esforço para crianças tão jovens, atendendo à irregularidade do piso e ao seu forte declive, muito perigoso na época das chuvas que se aproximam, com regueirões e penedos escorregadios, covas e pedregulhos ao longo do seu sinuoso trajecto. O Centro Comunitário Folha Verde, da Benfeita, é uma Associação de Aprendizagem Natural que valoriza os princípios básicos da pedagogia holística, criada para apoio ao ensino doméstico, em sistema de voluntariado, onde prevalece o ensino bilingue, mas estimulando-se a fluência na língua inglesa. É privado e está instalado num terreno cedido, para o efeito por um cidadão estrangeiro, seu proprietário. Nela estudam e brincam, actualmente, cerca de 40 crianças, maioritariamente estrangeiras e de diferentes nacionalidades. Por essa razão, o ensino é ministrado em língua inglesa e portuguesa, dependendo da nacionalidade de cada um. Porém, no último ano, quando os alunos são propostos aos exames nacionais o ensino é feito em português de acordo com o programa oficial. Em termos de curiosidade fomos informados de que, até agora, todos os alunos propostos a exame foram bem sucedidos. Num ambiente de grande proximidade às famílias e aos seus educandos, esta escola oferece várias actividades e opções de ensino desde a idade do Jardim de Infância até ao 4º ano do ensino básico, com preparação para exames nacionais, de segunda a quinta-feira. Nela trabalham vários professores, que aqui se chamam facilitadores. O ensino é pago mas não inclui refeições aos alunos que trazem a sua merenda de casa e são os pais que os vão levar e recolher. Os tempos livres da pequenada são ocupados com jogos e brincadeiras no espaço exterior, com muita liberdade e permanente contacto com a Natureza. A antiga Escola Básica da Benfeita
terminou a sua actividade no ano lectivo de 2008/09 no âmbito do chamado
Reordenamento da Rede Escolar, de José Sócrates, devido
ao decréscimo do seu número de alunos. Nesse ano apenas frequentavam
esta escola 8 alunos - 4 portugueses e 4 estrangeiros. Funcionou desde
1960 mas, só nos últimos anos da sua existência,
mais propriamente no ano de 2004, beneficiou de alguns melhoramentos
integrada no Plano de Requalificação da Aldeia, com o apoio financeiro
da União Europeia, tendo sido remodelado o seu recreio e concluída
a asfaltagem da estrada de acesso que se encontrava inacabada há já
vários anos. Tendo sido inicialmente permitido o funcionamento
deste Centro Comunitário na antiga Escola Básica da Benfeita,
o mesmo foi mais tarde suspenso pela Autarquia, com a proximidade das
eleições autárquicas de 2017, para que as crianças
estrangeiras pudessem frequentar, tal como as nacionais, o Jardim de
Infância e a Escola Básica de Côja e aí se
integrarem na nossa língua, no nosso sistema escolar e no nosso
país. Actualmente, no campo da bola e na praia fluvial da nossa aldeia, correm adoráveis criancinhas loiras que normalmente se exprimem na língua de Shakespeare, que é a língua que falam em casa com os seus pais. Quanto à nossa tão desejada visita às instalações, para além de uma breve e desconfortável troca de ideias com algumas senhoras facilitadoras deste Centro Comunitário, não foi possível concretizar, provavelmente em consequência de alguma mágoa que, secretamente, possam ter em relação a algumas más vontades (da Junta de Freguesia ou da Câmara Municipal), das quais, obviamente, nos distanciamos. Este é o troço de acesso que liga a estrada Benfeita-Pardieiros ao Centro Comunitário que devia merecer uma atenção especial das entidades competentes com trabalhos de limpeza, terraplanagem, alargamento e drenagem, a fim de se poder proporcionar uma maior e melhor facilidade de acesso ao local e, em caso de eventual tragédia, a rápida evacuação aos seus utentes, minorando situações decorrentes de chuvadas intensas repentinas com enxurradas e transbordamento das águas da ribeira, ou incêndios florestais, já que esta escola se localiza numa ravina profunda entre barrancos, a cerca de 60 metros de profundidade, junto à Ribeira da Mata, rodeada de vegetação e material lenhoso. O local é muito lindo e ecológico; mas, dizem os meus sentidos, que é igualmente muito perigoso, por ser propenso a calamidades naturais que, tanto quanto possível, devem ser previstas e acauteladas! VIVALDO QUARESMA |
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