RECEITAS |
As receitas aqui apresentadas não constituem nenhum "tratado de culinária", nem pretendem ir além de uma mera referência aos costumes alimentares da população da região. Na pesquisa efectuada foi dado o máximo rigor na transcrição das informações recebidas. Não se procurou só a cozinha adequada à dieta de doentes, também se atendeu à destinada aos "saudáveis", reconfortante do vigor e estimulante da alegria. Ninguém ignora o bem-estar produzido pela comida gostosa. Recordo-me, com saudade, das batatas fritas em azeite, da minha avó Leopoldina, na minha meninice. |
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Caldo de legumes |
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Batata - 50 gr. |
Ferve durante 3 a 4 horas, até cozedura perfeita, mantendo-se o volume do
líquido. Passa-se e pisa-se a fazer puré que se guarda numa caneca tapada e pode
utilizar-se durante 12 horas. |
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Sopa de Galinha |
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Galinha - uma, de quilo |
Põe-se a galinha numa panela fechada com água fria. Ferve. Cresta-se a espuma quando se formar. Juntam-se as cenouras. Ferve 4 horas em lume brando na panela tapada. Salga-se no fim. Passa-se. O caldo deve estar reduzido a 2 litros. Perfaz-se com água fervente, esta medida, se for necessário. |
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Sopa das Quatro Carnes |
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Vaca - 250 gr. |
Talhar em pedaços todas as carnes e pô-las em panela com a água fria que leva à ebulição. Crestar a espuma e juntar as cenouras. Ferver em lume brando e abafar, 3 a 4 horas. Salga-se no fim e passa-se. |
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Batatas assadas |
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Lavam-se e põem-se a assar no forno, com casca, durante 30 minutos. No momento de servir abrem-se e junta-se-lhes sal e manteiga fresca. |
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Batatas fritas em azeite |
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Descascam-se as batatas, cortam-se em rodelas com, aproximadamente, cinco milímetros de espessura, lavam-se, temperam-se com sal e enxaguam-se bem. Põe-se o azeite a ferver até levantar fumo. Imergem-se as rodelas e deixam-se ficar até mudarem de cor. Retiram-se e colocam-se em condições de enxugar. Espera-se que o azeite volte a fumegar antes de mergulhar uma nova porção. NOTA: Quase todas as famílias da aldeia tinham oliveiras e faziam o seu azeite. O óleo alimentar, quando aqui apareceu, era considerado um luxo da cidade, sendo, por isso, pouco utilizado. A cozinha regional ainda tem hoje, graças ao uso do azeite, um sabor mais ao gosto dos portugueses. |
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Puré de Castanhas |
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Descascam-se as castanhas com água a ferver e depois de limpas de toda a pele cozem-se, em água e leite, em partes iguais. Quando ficarem tenras passam-se por um passador. Juntam-se de novo ao leite e água, de cozedura, com uma colher de manteiga e uma pitada de sal, indo a engrossar ao lume. |
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Bola de Bacalhau |
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Para o recheio: |
Para a massa: |
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3 postas de bacalhau demolhado (600 gr.) |
400 gr. farinha de trigo |
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Afervente o bacalhau por 2 ou 3 minutos. Prepare um refogado leve. Cubra o fundo de um tacho com o azeite. Junte as cebolas descascadas e picadas. Quando a cebola estiver translúcida adicione o bacalhau desfiado e escorrido, sem peles nem espinhas. Refogue um pouco, rectifique o sal e tempere com pimenta. Misture a amasse todos os ingredientes para a massa e deixe levedar durante uma hora. Espalhe metade num tabuleiro untado. Deite o recheio e tape com a restante massa. Pincele com gema de ovo e leve ao forno durante 50 minutos. |
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Cabrito assado |
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1 cabrito |
Para o recheio: |
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2 colheres (sopa) de banha |
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Depois de limpo e bem lavado, barra-se o cabrito com uma
mistura de banha, manteiga, pimenta, sal e colorau. Coloca-se num tabuleiro, cobre-se com
rodelas de cebola e alho, rega-se com vinho e deixa-se a marinar durante 5 a 6 horas. |
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Arroz doce |
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250 gr. arroz |
Leve ao lume 6 dl. de água, temperada com sal e aromatizada com as cascas de limão e o pau de canela, a que se junta a banha. Quando a água ferver, junte o arroz sem ser lavado. Deixe ferver até o arroz abrir. Gradualmente, junte o leite quente e continue a cozinhar em lume brando (150ºC), mexendo sem parar, até ter absorvido parte do leite e ficar cremoso. Junte o açúcar e deixe ferver até derreter completamente. Retire os aromas e deite o arroz, ainda quente, em pratos individuais ou numa travessa grande. Enfeite com a canela em pó. |
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Bolo de Laranja |
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2 chávenas de farinha |
Separam-se as gemas e batem-se, com o açúcar, na batedeira. Junta-se o óleo e o sumo de laranja, continuando-se a mexer. Junta-se a farinha. Batem-se as claras, em castelo e juntam-se à massa, voltando a mexer tudo. Barra-se a forma com manteiga e polvilha-se com farinha. Coloca-se a massa na forma. Aquece-se o forno. Põe-se a forma no forno durante cerca de 20 minutos. |
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Doce de Castanhas |
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Escaldam-se em água a ferver, para bem as descascar, 30 gr. de castanhas; cozem-se em meio litro de leite. Quando tenras, passam-se pelo passador, em puré, a que se juntam cinco gemas, 40 gramas de amêndoa pisada, 150 gr. de açúcar e uma colher de sopa de manteiga. Leva-se tudo ao lume a engrossar. Quando a massa estiver homogénea, misturam-se quatro claras, batidas em castelo, e deita-se esta massa numa forma barrada de açúcar queimado. Coze-se em forno quente 15 a 20 minutos, em seguida deixa-se esfriar e desenforma-se, metendo um minuto a forma em escaldão de água. |
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Tapioca |
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250 gr. tapioca |
Deixa-se a tapioca dentro do leite, de um dia para o outro. Coloca-se a casca de limão e umas pedrinhas de sal, e deixa-se cozer, em lume regular (200ºC), durante pelo menos 5 minutos, mexendo-se de vez em quando. Junta-se o açúcar, e mexe-se sempre, para não pegar. Quando a tapioca segurar uma colher, coloca-se numa travessa e enfeita-se com canela. |
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Tigelada |
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8 ovos inteiros |
Aquece-se o forno de lenha e duas caçoilas de barro. Batem-se bem os ovos. Mistura-se o açúcar. Junta-se a farinha e acrescenta-se, gradualmente, o leite, misturando muito bem. Deitam-se umas pedrinhas de sal. Coloca-se o preparado dentro das caçoilas, sem as tirar do forno. Cozinha-se durante cerca de 30 minutos, ou até o doce ficar firme e levemente tostado. Quem gostar pode polvilhar com canela. |
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Coscorões da tia Lucinda (vulgo coscoréis) |
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Batem-se os ovos inteiros (com uma colher de pau
ou com uma batedeira eléctrica). Põe-se a farinha num alguidar (que
pode ser de madeira) e junta-se-lhe o fermento, o sal e o açúcar. Deitam-se os
ovos batidos e a aguardente, e bate-se tudo muito bem (com as
mãos), até a massa fazer bolhas. Quando a massa se soltar
das mãos, untam-se as mãos com azeite e aconchega-se a massa
por cima fazendo-se-lhe uma cruz no meio, com o cutelo da mão. |
Recolha de V.Quaresma |
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