POETAS  DA  NOSSA  TERRA

FERNANDO FERREIRA

FESTA NA MINHA ALDEIA

om que alegria,
Todos lá na Aldeia,
Se entreajudam na festa maior.
São os festões
Pelas ruas estreitas,
São os enfeites de luz e de cor.

São os foguetes
Morteiros, bem cedinho,
Inda o Sol pelas serras se encontra escondido.
Nesta nossa aldeia,
BENFEITA de nome,
Todo o povo acorda feliz, aturdido.

Andam as mulheres
Pr'a cá e pr'a lá,
Levando e trazendo suas assadeiras
Cobertas de panos tão alvo de linho.
Vão assar ao forno
A perna de cabra
Que foi temperada com tanto carinho.

E, enquanto o assado
Escurece e se coze,
Vão tagarelando de coisas somenos.
Ai, valha-me Deus!
Que até me esqueci
Da dejejua dos catraios pequenos.

E correram para casa
Para tudo alindar
E o vestido novo poderem vestir.
É que o tempo passa
E a missa é às dez.
E à missa, claro, todos têm de ir.

Mas, no entretanto,
Há um burburinho
E a pequenada é já mais que mil.
É que já chegou
A banda de Coja.
Ou será que, hoje, é a do Barril?

Vêem-se os mordomos,
De fato e gravata,
À frente da banda pelas ruas da aldeia.
Só quem vê a festa
Sabe como é bela;
Pois quem a não vir, não fará ideia!

E a banda percorre
As ruas da terra
Ao som da marchinha do bombo que estala.
E o povo contente
Dá bolos e vinho;
Este bem fresquinho, que a todos regala.

Na Praça se juntam
Homens e rapazes,
Todos envergando fatos domingueiros.
Passam raparigas,
De vestidos novos,
E trocam sorrisos e ditos brejeiros.

O sino anuncia,
Num toque a preceito,
Que a missa de festa irá começar.
E o povo lá vai
Até à Igreja,
Crente e confiante, orações rezar.

E depois da missa
Sai a procissão
E as colchas de renda pendem das janelas.
Lá vai o andor
De Nossa Senhora,
Todo ele enfeitado de rosas tão belas.

E, logo a seguir,
Num andor vermelho,
A mostrar as chagas - S.Sebastião,
Seguido depois
Pelo Sr.Prior,
Debaixo do pálio, a dar a benção.

E o povo, em silêncio,
Acompanha assim,
Atrás ou à frente, mas todos a pé
Esta procissão
Que, na nossa aldeia,
É feita de Amor, de Paz e de Fé.

Regressa a Senhora
À casa de Deus,
E fica a aldeia, por dizer, deserta.
Segue-se o almoço,
De carne e de bolos,
Pois que o dia de hoje, é dia de festa.

Só lá para a tardinha,
Pela fresca, se juntam
De novo, os rapazes com as raparigas.
Compram na quermesse
Rifas multicores
E trocam segredos com suas amigas.

No coreto, a postos,
Estão os componentes
De um conjunto em voga, cuja melodia
Enche serras e vales
De muita algazarra,
Porque a festa é dança e muita alegria.

E de madrugada,
Pelas ruas da aldeia,
Inda se ouvem cantos, cantados com gosto.
É assim que o povo
Da nossa BENFEITA
Festeja, na terra, o Quinze de Agosto.

Fernando Ferreira
1993

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