FESTA NA MINHA ALDEIA

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que alegria,
Todos lá na Aldeia,
Se entreajudam na festa maior.
São os festões
Pelas ruas estreitas,
São os enfeites de luz e de cor.
São os foguetes
Morteiros, bem cedinho,
Inda o Sol pelas serras se encontra escondido.
Nesta nossa aldeia,
BENFEITA de nome,
Todo o povo acorda feliz, aturdido.
Andam as mulheres
Pr'a cá e pr'a lá,
Levando e trazendo suas assadeiras
Cobertas de panos tão alvo de linho.
Vão assar ao forno
A perna de cabra
Que foi temperada com tanto carinho.
E, enquanto o assado
Escurece e se coze,
Vão tagarelando de coisas somenos.
Ai, valha-me Deus!
Que até me esqueci
Da dejejua dos catraios pequenos.
E correram para casa
Para tudo alindar
E o vestido novo poderem vestir.
É que o tempo passa
E a missa é às dez.
E à missa, claro, todos têm de ir.
Mas, no entretanto,
Há um burburinho
E a pequenada é já mais que mil.
É que já chegou
A banda de Coja.
Ou será que, hoje, é a do Barril?
Vêem-se os mordomos,
De fato e gravata,
À frente da banda pelas ruas da aldeia.
Só quem vê a festa
Sabe como é bela;
Pois quem a não vir, não fará ideia!
E a banda percorre
As ruas da terra
Ao som da marchinha do bombo que estala.
E o povo contente
Dá bolos e vinho;
Este bem fresquinho, que a todos regala.
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Na Praça se juntam
Homens e rapazes,
Todos envergando fatos domingueiros.
Passam raparigas,
De vestidos novos,
E trocam sorrisos e ditos brejeiros.
O sino anuncia,
Num toque a preceito,
Que a missa de festa irá começar.
E o povo lá vai
Até à Igreja,
Crente e confiante, orações rezar.
E depois da missa
Sai a procissão
E as colchas de renda pendem das janelas.
Lá vai o andor
De Nossa Senhora,
Todo ele enfeitado de rosas tão belas.
E, logo a seguir,
Num andor vermelho,
A mostrar as chagas - S.Sebastião,
Seguido depois
Pelo Sr.Prior,
Debaixo do pálio, a dar a benção.
E o povo, em silêncio,
Acompanha assim,
Atrás ou à frente, mas todos a pé
Esta procissão
Que, na nossa aldeia,
É feita de Amor, de Paz e de Fé.
Regressa a Senhora
À casa de Deus,
E fica a aldeia, por dizer, deserta.
Segue-se o almoço,
De carne e de bolos,
Pois que o dia de hoje, é dia de festa.
Só lá para a tardinha,
Pela fresca, se juntam
De novo, os rapazes com as raparigas.
Compram na quermesse
Rifas multicores
E trocam segredos com suas amigas.
No coreto, a postos,
Estão os componentes
De um conjunto em voga, cuja melodia
Enche serras e vales
De muita algazarra,
Porque a festa é dança e muita alegria.
E de madrugada,
Pelas ruas da aldeia,
Inda se ouvem cantos, cantados com gosto.
É assim que o povo
Da nossa BENFEITA
Festeja, na terra, o Quinze de Agosto.
Fernando Ferreira
1993
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