PERSONALIDADES

Oriunda da Benfeita, Maria Fernandes é a primeira luso-descendente eleita ‘Mayor’ no Estado de New Jersey

Do outro lado do Atlântico vem-nos a agradável notícia de que uma luso-americana, de mãe benfeitense, foi eleita Mayor (presidente da câmara) de Sea Bright, uma pequena localidade com cerca de 1800 habitantes situada no estado de New Jersey.

Mayor Maria FernandesMaria Dália Fernandes, nasceu em Elizabeth, cidade no estado de New Jersey, em 1952. É filha de Ernesto Henrique Fernandes e de Maria Adelina Dias Fernandes, unidos pelo matrimónio, nesta cidade, em 1950.

O seu pai, já falecido, nasceu em Nova Iorque. Sua mãe, natural da Benfeita, viveu em Lisboa até emigrar para os Estados Unidos, em 1949. Era neta materna de Jesuína Dias, da Benfeita.

Maria Fernandes, embora tivesse nascido e crescido em Elizabeth, passava o Verão em Sea Bright, desde 1958, município onde acabou por se fixar quando se reformou, em 1989, e onde, actualmente, vive com a sua mãe.

Frequentou a Escola Primária de St. Patrick e o Liceu Battin, ambos na cidade de Elizabeth e licenciou-se em Advocacia na Universidade de Brookdale, em Lincroft.

Vereadora democrata desde Janeiro de 1996, Maria Fernandes venceu a anterior titular, a republicana Jo-Ann Kalaka-Adams, nas eleições realizadas em 6 de Novembro de 2007, sendo a primeira mulher luso-americana a ocupar um cargo público no município de New Jersey e a terceira nos Estados Unidos, situação de que muito se orgulha e envaidece.

À Mayor Maria Fernandes, os nossos parabéns e os nossos votos de muitas felicidades na gestão da sua Câmara onde, a partir de agora, passa a ser a primeira responsável.

VIVALDO QUARESMA
Janeiro 2008



FALECIMENTO

Maria FernandesMaria Fernandes, mayor de Sea Bright, New Jersey, até 2011, faleceu em 26 de Fevereiro de 2012, com 59 anos de idade, no "Barnabas Health Hospice and Palliative Care Center", de Long Branch, para onde foi levada dois dias antes, devido a problemas respiratórios, depois de combater problemas de saúde durante vários anos.

Foi sucedida no cargo pela sua amiga Dina Long que, ao saber da notícia do seu falecimento, comentou: "A Maria amava tanto a sua vida como amava Sea Bright. Ela foi muito corajosa face aos difíceis desafios por que passou, em termos de saúde, não permitindo que eles a detivessem minimamente. Ela serviu Sea Bright com distinção, como membro da comissão de planeamento, vereadora, presidente da assembleia municipal e por último como presidente da câmara. A sua iniciativa e diligência trouxe todos os grandes projectos de infra-estruturas em Sea Bright ao longo dos últimos 10 anos. A Maria disse-me recentemente que a sua parte favorita nisto tudo era poder ajudar os residentes e as empresas a resolverem os seus problemas. Ela nunca deixou de responder a uma chamada telefónica".

Outro antigo colega seu, Marc Leckstein, declarou que a mayor Fernandes foi uma figura inspiradora para todos em Sea Bright durante o seu longo mandato de serviço público. Encontrar alguém tão dedicado à sua comunidade, que se expusesse tanto ao escrutínio político, está a tornar-se cada vez mais uma raridade nos nossos dias. A mayor Fernandes nunca deixou que isso a detivesse, e até mesmo já reformada, esperava que ela se mantivesse envolvida na nossa comunidade ainda por muitos anos."
Ao nível pessoal, Leckstein disse que a mayor Fernandes foi um dos mais importantes factores motivadores para fazer com que ele se envolvesse na política local: "Ela estava sempre presente a encorajar-me e a apoiar-me em cada decisão que eu tomava em direcção ao caminho que me conduziu a vereador. Estou-lhe muito grato por isso e posso garantir que foi uma inspiração para todos os que vivem e viveram em Sea Bright, e que não será esquecida."

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Maria Fernandes serviu o município de Sea Bright em vários cargos e capacidades durante mais de 16 anos. Começou o seu serviço à comunidade como membro da Associação de Apoio Feminino do Corpo de Bombeiros de Sea Bright, em 1994. Pouco depois, em 1996, tornou-se membro da Comissão de Planeamento e Reabilitação Urbana, até 2011. Antes de se tornar Presidente da Câmara de Sea Bright, tornou-se membro da Assembleia Municipal, em 1997, capacidade que manteve até 2007, tendo sido eleita Presidente em 2003, cargo que ocupou até 2005. Foi ainda membro da Organização de Cidadãos Reformados e Idosos de Sea Bright e porta-voz da Igreja Católica Romana de Santa Cruz, em Rumson.

As suas capacidades de liderança e iniciativa conduziram-na também à presidência da Comissão dos Serviços Públicos onde implementou, pela primeira vez, o sistema de limpeza das ruas da cidade, mais tarde alargado às praias locais, além do sistema de parqueamento gratuito e a recuperação do sistema de esgotos, criando as infra-estruturas necessárias contra cheias na parte baixa da cidade.

Em 2011, Maria Fernandes, 58 anos, esteve internada num centro de reabilitação após sofrer um ligeiro acidente vascular cerebral, em consequência de uma má reacção a um medicamento que lhe foi dado após uma cirurgia ao pé, em que lhe foi amputada a perna parcialmente. Durante o período de recuperação, a um ano do final do seu mandato, Maria Fernandes demonstrou uma total dedicação e entrega ao seu trabalho, não perdendo o contacto diário com a câmara e continuando a despachar da clínica.

Para o seu funeral, Maria Dália Fernandes pediu que, em vez de flores, fossem feitos donativos por acção de graças para a Fundação de Pesquisa da Diabetes Juvenil, de Shrewsbury, NJ.

Em 5 de Março de 2012 a Câmara Muncipal de Sea Bright prestou-lhe uma sentida homenagem de reconhecimento público pela sua ilustre carreira, comemorando a vida e a obra de Maria Fernandes onde foi salientado o seu empenho continuado no aumento da qualidade de vida dos residentes de Sea Bright e cujas acções tocaram o coração e as mentes de inúmeras pessoas, homens, mulheres e crianças, da região de Sea Bright e Monmouth, sendo que a sua obra servirá de inspiração para todos e a sua falta será verdadeiramente sentida.

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O Site da Benfeita presta, aqui, a sua homenagem a quem, longe da terra onde tinha as suas raízes e que, provavelmente, nunca terá conhecido, divulgou com orgulho e dignidade o nome do país dos seus pais e avós, emigrantes como tantos outros, e que tiveram de abandonar em busca de melhor futuro, acabando por dedicar toda a sua vida e saber ao bem-estar dos outros.

Vivaldo Quaresma
Agosto 2012