JARDIM  LEONARDO  MATHIAS

HOMENAGEM DO POVO

Click para ampliar

Leonardo Gonçalves Mathias

Click para ampliar

Click para ampliar

Vista lateral do monumento

Vista lateral do monumento

Em 11 de Novembro de 1961, dez anos após o falecimento de Leonardo Gonçalves Mathias, ocorrido em Lisboa, em 30 de Dezembro de 1950, foi inaugurado este busto em bronze, sobre um artístico plinto, num largo ajardinado expressamente urbanizado para o efeito, em local distinto que se vê de quase toda a povoação.

Este singelo, mas bem expressivo monumento, custeado por subscrição popular, foi inaugurado no dia em que fazia 30 anos que, sob a direcção do homenageado se iniciaram os trabalhos de abertura da estrada de macadame que haveria de servir toda a freguesia, até então completamente isolada da rede rodoviária nacional.

Na sessão de homenagem que precedeu o descerramento do busto, a que presidiu o Sr. Engenheiro Horácio de Moura, Governador Civil do Distrito, falaram os Srs. Padre Joaquim da Costa Loureiro, pároco da freguesia; António Pereira, da Comissão de Melhoramentos do Sardal; Dr. António Luis Gonçalves; Coronel Silva Sanches, Presidente da Câmara Municipal Arganil; José Duarte da Costa Nicolau, da Comissão de Melhoramentos do Pai das Donas; Dr. Augusto Simões, Deputado; Engº António Lourenço dos Santos, da Esculca, e por último o Sr. Governador Civil. Em nome da família agradeceu o Dr. Mário Mathias.

Das razões desta homenagem e das qualidades e serviços do homenageado, as palavras proferidas pelo Dr. António Luís Gonçalves, advogado, e anterior Presidente da Câmara Municipal de Arganil, fazem disso uma justa e bela descrição:

«A homenagem que hoje se presta a Leonardo Gonçalves Mathias — importa acentuá-lo — não é fruto dum improviso, nem se deve à iniciativa dum só, ou dum grupo; ela brota espontânea da alma do povo que o conheceu e estimou em vida e guardou em seu peito gratidão imperecível e memória viva duma presença que a todos impunha respeito e veneração.

Há muito que o povo o celebra nos seus cantares e tudo leva a crer que o seu nome, transmitido a uma familia ilustre, que à Benfeita vota a maior afeição e não se desprende por nada do torrão natal, continuaria lembrando pelos tempos fora.

Mas era bem que a sua figura veneranda, já invocada nas placas da rua que foi dedicada, se perpetuasse no bronze, para grata recordação daqueles que o conheceram e transmissão às geerações vindouras, da imagem daquele de quem sempre se há-de ouvir falar.

Ela aí está, pois, por vontade desse mesmo povo e na visão fiel do escultor, a olhar a Benfeita que ele tanto amou, lição perene de baírrísmo e amor pelas coisas da terra e motívo de medítação que a todos aproveitará.

Tem-se falado muito na obra material que Leonardo Mathias empreendeu em favor da Benfeita, quando em 11 de Novembro de 1931, iniciou na Portelinha, com uma cavadela simbólica, a construção da nossa Estrada. E, falando nessa obra, não se tem esquecido, nem podia esquecer-se, o nome desse obreiro que foi seu companheiro de trabalho e contínuador, Alfredo de Oliveira.

Não serei eu a mínímízar tal trabalho e só há que agradecer e louvar a quem em todas as oportunidades o tem lembrado.

Mas não é esse, a meus olhos, o maior benefícío que a Benfeita deve à sua memória, nem ele só explicaria o grande movimento de veneração e simpatia que se ergueu à sua volta.

Certo que as terras precisam de estradas, de escolas, de luz, de fontes e tudo o mais que o progresso material vai proporcionando às sociedades.

Mas elas precisam, mais que tudo, de se elevar moral e socialmente, tomar consciência dos grandes problemas que importam à humanidade alcançar, em suma, aquilo a que se chama civilização.

Ora, foi neste aspecto, segundo penso, que a acção de Leonardo Gonçalves Mathias mais se fez sentir.

Educado na escola do trabalho e dotado de espírito vivo e observador, Leonardo Mathias foi levado pelos acasos da vida e pela ânsia de se elevar, ao contacto com novos mundos e novas gentes.

Em presença dos grandes centros, foi-lhe fácil libertar-lhe dos estreitos limites do meio em que foi criado e abrir novos horizontes, através dos quais a vida adquiriu para ele renovadas perspectivas.

Deu-lhe Deus uma palavra fácil e presença simpática e atraente. Alma franca, braços abertos para os amigos e para todos que o procurassem, conselho pronto e oportuno, breve a sua casa da Benfeita se transformou em verdadeira escola de civismo.

E, por fortuna sua, não lhe faltou por companheira a esposa dedícada, inteligente e carinhosa, cuja bondade e compreensão era outro grande atractivo daquela casa feliz.

Deste lar exemplar, espelho de virtudes e modelo de sacrifícios, nasceram dois filhos que, sendo valor destacado da Nação, são da Benfeita a maior honra e glória.

Só por tê-los dado à Pátria, valia a pena ter vivido.

Sou forçado a terminar e faço-o em plena alegria.

É que a Benfeita, na medida em que se mostrou grata e reconhecida, terá escrito hoje uma das mais belas páginas da sua história e, apresentando aos vindouros tão nobre exemplo, ter-lhes-à prestado o melhor serviço.»

in: "Benfeita 1963-1965", por Mário Mathias

Fotografias de V.Quaresma - Junho/2001

Ver também:
Biografia Leonardo Mathias