HISTÓRIAS  DA  NOSSA  TERRA

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A "QUEIMA DO GATO"

por: Vivaldo Quaresma

Gato no CântaroA “Queima do Gato”, dizem algumas pessoas mais idosas, «foi uma tradição celebrada na Benfeita durante muito tempo», sabe-se lá quanto, pois não aparecem referências escritas sobre este assunto que confirmem a sua antiguidade ou, até mesmo, a sua realização.
Mas esta tradição encontra-se já extinta há muitas décadas, tendo sido banida dos nossos costumes, definitivamente, muito antes do aparecimento dos partidos ecologistas, em Portugal, ou de ser aprovada a lei que criminaliza os maus tratos a animais de companhia, em 2014, e que institui pesadas multas e penas de prisão a «quem, sem motivo legítimo, infligir dor, sofrimento ou quaisquer outros maus tratos físicos a um animal de companhia».
No entanto, ainda existem algumas pessoas vivas na Benfeita que dizem recordar-se de algumas “queimas”, durante os festejos de São João, nos Santos Populares, nos anos 40-50 do século passado, embora os seus relatos já sejam um pouco vagos e imprecisos, e neles se constatando algumas contradições.

Devo, porém, esclarecer as pessoas mais sensíveis ao nome desta tradição "Queima do Gato" que os gatos não eram sacrificados nem queimados vivos, pelo menos na Benfeita e a fazer fé no que me foi dito, embora esta tradição possa ter tido a sua origem nos povos pagãos que sacrificavam, por imolação, inicialmente pessoas e depois animais, nas suas homenagens aos deuses, embora também acredite que algumas pessoas, mais modernamente, acidentalmente ou por inexperiência nos procedimentos, por excesso de álcool no sangue ou por pura malvadez, pudessem ter praticado algum desmando que tivesse conduzido a um final mais “quente e chamuscado” para os pobres bichanos.

Convém também lembrar, já agora, que há gatos que gostam tanto do calor das fogueiras que, no Inverno, até se metem dentro das lareiras de sala, tão perto das brasas que até queimam os bigodes e dormem encostados aos irradiadores eléctricos. Portanto, o calor não os assusta e gostam mais do calor do que de qualquer outra coisa.

Também são dotados de uma enorme agilidade física e de equilíbrio, o que lhes confere a capacidade única de caírem sempre sobre as suas patas e a faculdade de poderem vencer quedas de alturas consideráveis, graças ao seu fraco peso e à enorme elasticidade e musculatura das suas longas pernas e patas que contêm umas almofadas que funcionam como amortecedores de impacto quando aterram. Isto só para mencionar algumas das suas capacidades, para além das suas míticas e famosas "7 vidas", dito que, ao fim e ao cabo, resume todas essas extraordinárias capacidades físicas do gato! Portanto, cair de uma altura de 3 ou 4 metros, embora não pareça uma "brincadeira de crianças", também é coisa que não os assusta verdadeiramente.

O Besnikko, da EriceiraNo entanto, se todos nós conhecemos histórias de gatos que caíram de alturas muito superiores e se safaram sem um arranhão, também conhecemos situações em que os seus donos tiveram de pedir ajuda aos vizinhos ou aos bombeiros para os resgatarem das árvores para onde treparam por qualquer motivo (como: perseguir pássaros, apanharem sol ou fugirem dos cães) e aí permanecerem durante várias horas seguidas, mostrando mais medo do que vontade de saltar.

Devo aqui fazer uma breve, e necessária, declaração de interesse pois gosto muito de gatos e já fui criador da raça siamesa, o que me permitiu conhecer profundamente a sua fisiologia animal, embora corra com os vadios que me vêm “sujar” o quintal, onde tenho plantadas flores, legumes e ervas aromáticas.

A designação de “Queima do Gato” faz lembrar a “Queima do Madeiro” ou a “Queima das Fitas”, de Coimbra, em que, efectivamente, os ditos-cujos ardem completamente. Daí, a imediata repulsa de muita gente por esta antiga tradição, principalmente pessoas que, como eu, nunca assistiram ao vivo, a nenhuma “Queima do Gato”. Contudo, lembremo-nos, de outras designações onde “queimar” é apenas informal e figurativo, não se queimando coisa nenhuma, como: “queimar o tempo”, “ter o nome queimado”, “passar à queima”, “queimar as pestanas”, “queimar o salário”, “queimar calorias”, ou “estar queimado (bronzeado)”, por exemplo.

 

A QUEIMA DO RATO

 

Vem a propósito contar uma história que, não sendo tradição nem tendo nome próprio, bem se poderia chamar, e com toda a propriedade, “A Queima do Rato”, com R!
Estava eu no norte de Moçambique, na Vila de Mueda, em pleno período da guerra colonial, nos finais do ano de 1971, quando assisti a um episódio bizarro que me chocou. Um grupo de soldados, numa abafada tarde de Dezembro, divertia-se na parada do quartel fazendo uma enorme algazarra em volta de uma caixa de rede de arame que, no seu interior, continha alguns ratos que lá tinham ido parar na noite anterior, apanhados em armadilha.

Caçar ratos na tropa, quando os havia, era uma coisa perfeitamente compreensível por todos, tal como caçar baratas ou percevejos, porque era um acto de sobrevivência, pois estes animaizinhos podem transmitir doenças, para além de serem nojentos e ninguém desejar a sua companhia repugnante; mas, matá-los daquela maneira!?...

«À volta da ratoeira de arame fizeram um círculo com gasolina que despejaram de um jerrycan, com mais ou menos 3 metros de diâmetro. Depois, regaram os ratos com gasolina, atearam fogo ao círculo e abriram a portinhola da ratoeira.
Assustados com a algazarra, e com o pêlo encharcado em gasolina, os ratos fugiram numa correria desenfreada para logo se transformarem numa bola de fogo, mal passavam pelo círculo em chamas, e se imobilizarem dois ou três metros mais à frente, mortos, e a assar no próprio pêlo.
— Ena pá, mas que crueldade, que selvajaria! — disse eu, incrédulo com o que via, ao cabo enfermeiro que a tudo assistia encostado à porta do posto médico.
— Pois é, podiam afogá-los ou matá-los com uma rajada de G3, mas dava no mesmo. — respondeu sarcástico. — E tu, tinhas coragem de matar um rato com um bisturi ou com uma faca de mato? — ripostou inquisitivo, apontando-me o seu indicador direito.
— Eu não! — respondi, prontamente, um tanto espantado com a pergunta. — Não sei... sei lá... depende! Não tenho faca de mato! — acrescentei, evasivo. — Mas, podiam arranjar alguns gatos que "tratassem da saúde" aos ratos.
— Saúde não teriam esses gatos aqui, por muito tempo, pois são um petisco para os nativos! — disse o interpelado, antes de me voltar as costas com indiferença, dirigindo-se ao local da "queima" para observar de perto o resultado da matança.
»

Queimar ratos? Comer gatos? Pois, por mais estranho que nos pareça... tudo depende!
Certas pessoas podem achar que certos hábitos ou tradições merecem ser extintos só porque os consideram condenáveis, bizarros ou repugnantes; mas tudo tem o seu envolvimento próprio, a sua época, a sua geografia e os seus actores. Tentar descontextualizar esses hábitos, desconhecendo ou desprezando o seu envolvimento e as circunstâncias em que se realizavam pode ser um exercício demasiado radical e injusto só porque são difíceis de explicar e de compreender nos dias de hoje, seja os motivos porque se cumpriam, seja a sua origem.

Recordo-me também que, quando em miúdo, eu ia passar as férias grandes à Benfeita, notava que muita gente falava "mal" português, trocando os V's pelos B's. Detestava quando me chamavam "Bibalde", o que me fez começar a detestar o meu nome! Diziam-me que quem falava assim eram "os bimbos, que não iam à escola e eram analfabetos". Mas, isso, não só não terminou nos dias de hoje como ainda virou tradição! Agora, muita gente com instrução superior e até muitos professores de Português, continuam a trocar os V's pelos B's e têm orgulho na sua pronúncia do 'Nuorte', como se isso lhes conferisse uma personalidade própria, uma característica distintiva, e lhes outorgasse algum estatuto de superioridade linguística sobre os "mouros" do Sul. Ou seja, aquilo que no meu tempo era considerado fruto da ignorância, hoje é, para alguns, um real motivo de orgulho!

 

A TRADIÇÃO

 

Um dos preparativos para a grande festa popular na Benfeita, estava a cargo da rapaziada do lugar que, para além de cortarem a madeira para a grande fogueira, escolhiam um pinheiro aprumado e esguio que desse, depois de aparado e limpo, para fazer um poste com cerca de 4 a 5 metros de altura.
Depois, era transportado para o local da festa, onde escavavam um buraco no terreiro, com cerca de 1 metro de profundidade, nele enfiando o poste que previamente havia sido revestido com palha e nele pregado, no topo, uma travessa com cerca de meio metro de comprimento.
Sobre esta travessa corria um nagalho que estava introduzido na palha que cobria o poste e terminava num nó que iria sustentar o cântaro de barro com o gato dentro.
Mais tarde, a mesma rapaziada corria a aldeia à procura de um vadio desprevenido que se deixasse apanhar, e metiam-no dentro de um cântaro de bom tamanho que tapavam até à altura em que, com a ajuda de uma escada, o atavam ao nagalho de palha.
O gato ficava, assim, preso no interior do cântaro no alto do poste, enquanto os presentes se divertiam ao som de tambores, rebecas, violas e concertinas, comendo, bebendo, cantando, dançando e pulando a fogueira.
Quando o gato miava provocava risos e dichotes nos circundantes, mas o seu “castigo” só iria terminar na altura em que era ateado lume à palha que envolvia o poste.
As chamas subiam pelo poste com alguma rapidez e queimavam o nagalho que depois rebentava com o peso a que estava sujeito, soltando o cântaro, que caía com estrondo partindo-se em cacos, e libertando o gato que, ou podia fugir a "7 pés" ou ficar calmamente no local, conforme se tivesse ou não assustado com a queda.

A assistência vibrava de satisfação e alegria com a brincadeira pois a tradição ficava cumprida e o gato estava bem. O gato não se queimava porque o fogo nunca podia entrar dentro do cântaro, a não ser que ele tivesse o azar de aterrar em cima de alguma palha a arder que se tivesse soltado do poste e lhe chamuscasse o pelo, embora com pouca probabilidade disso acontecer.

Muitas outras aldeias do norte de Portugal celebravam esta tradição nas festas populares do Carnaval e pelo São João; mas este ritual, com algumas variantes, era comum em vários países da Europa, remontando à época Celta, embora destas suas crenças e rituais ligados aos deuses, onde se incluíam ofertas e sacrifícios, nomeadamente os relacionados com o calendário e com as estações do ano, pouco se saiba, apenas que existem algumas evidências das suas práticas.

Muitos outros países, como: a China, a Coreia do Sul, o Vietname, a Índia e a Indonésia, por exemplo, ainda olham para os gatos e para os cães como quem olha, em Portugal, para os coelhos — como comida! E eu digo isto com alguma mágoa porque adoro comer coelho e sei que existem muitos portugueses que tratam os coelhos com o mesmo carinho que eu dedico aos gatos.

Outrossim, em 44 dos 50 estados americanos, ainda é permitido matar cães e gatos para a alimentação humana e, em algumas tribos americanas, ainda se podem matar cães e gatos para cerimónias religiosas.

 

REFLEXÃO

 

Hoje, o fogo não tem o mesmo significado que tinha antigamente antes do aparecimento da electricidade e do gás engarrafado. As pessoas lidavam com o lume a todo o momento, numa relação de grande proximidade. Também não havia água canalizada, pelo que, nos arraiais, bailaricos e convívios nocturnos, havia muitos cântaros com água e com vinho e várias fogueiras, para cozinharem, para se aquecerem, para se iluminarem e para brincarem. E o fogo fazia parte de muitas tradições e diversões antigas, onde se incluíam os malabarismos com tochas e bolas de fogo e saltar a fogueira.

Saltando a fogueira

Tal como o cão, o gato sempre conviveu com o homem devido ao seu comportamento sociável, afectuoso e ternurento, tendo sido objecto de culto nas mais antigas civilizações. Mas, o gatos, têm características físicas que os distinguem dos outros animais, para além da sua elegância de movimentos, sendo natural que nas terras onde não os comem nem lhes fazem mal, como era o caso da Benfeita, eles existissem em grande número.

Ora, com fogueiras, cântaros e gatos por todo o lado, e conhecendo bem as características físicas do animal, era natural que os jovens daquele tempo também tivessem arranjado brincadeiras com gatos, não necessariamente para lhes infligir qualquer dano físico mas, essencialmente, para passarem o tempo e se divertirem, dado que, naquela época, nem lhes passaria pela cabeça o que seria isso de telemóveis, internet ou redes sociais.

Meter um gato num cântaro e deixá-lo cair de uma altura de 3 ou 4 metros não pode causar qualquer dano sério a um animal com as características físicas do gato, pois se o agarrarmos pelas patas e o suspendermos de barriga para o ar e o largarmos a uma altura de um metro do chão, ele, mesmo nessa curta distância, consegue virar-se, em décimos de segundo, e cair sempre sobre as 4 patas. O fogo na palha era só a maneira de criar um automatismo que, ao fim de algum tempo, queimasse a trança de palha que prendia o cântaro ao poste e o libertasse, criando um ambiente de expectativa e emoção. No final, as pessoas riam-se, aplaudiam e deixavam o gato seguir a sua vida vadia.

Este tipo de "brincadeira", na opinião de uns, ou de "tortura", na opinião de outros, só seria possível com gatos e com cântaros de barro, pois considera as características físicas destes e daqueles. A um só tempo, o cântaro ao cair no solo parte-se, absorvendo a maior parte da força do impacto, permitindo que o gato saia em liberdade sem qualquer impedimento. No entanto, o cântaro não pode ser nem demasiado duro, que não se parta, nem demasiado pequeno, que não permita movimentos ao gato, embora os gatos adorem estar, e se movimentem bem, em espaços pequenos e apertados.

Nós gostamos das tradições populares embora não concordemos, particularmente, com qualquer tipo de maus tratos que provoquem dor, sofrimento ou morte, sejam eles infligidos a animais de companhia ou outros, em espectáculos públicos ou privados, ou a pessoas (homens, mulheres, crianças, idosos e recém-nascidos), onde se incluem as praxes académicas, militares ou maçónicas. E achamos que todo o tipo de violência gratuita ou tortura, que revele estupidez criminosa, deve ser banida e socialmente condenada, embora isto não se aplique aos animais que consumimos na nossa alimentação, cuja morte deve ser, tanto quanto possível, rápida e indolor, e em matadouros especializados, ou praticada por gente competente e responsável.

 

A "CARROÇA DOS CÃES"

 

Durante a minha juventude, nos anos 50-60 do século passado, as ruas de Lisboa eram percorridas semanalmente por carroças camarárias especialmente preparadas para a recolha de cães vadios que eram capturados na via pública por pessoal especializado. Utilizavam umas redes próprias para a captura dos animais (uns paus compridos com uma grande argola de ferro na extremidade donde pendia um saco de rede com que os apanhavam), ficando à guarda do canil municipal, onde eram abatidos e enviados para o Jardim Zoológico para servirem de alimentação aos carnívoros dominantes (leões, tigres e crocodilos) caso fossem considerados vadios errantes e não fossem reclamados pelos seus donos, os quais teriam de ser portadores de uma licença de canídeo e pagar uma multa, que seria agravada caso o cão não tivesse uma coleira identificativa. Este foi o procedimento camarário vigente durante muitos anos, felizmente também já extinto, embora nunca tivesse chegado a merecer honras de "tradição" lisboeta.

Cães vadiosMas, não se deve julgar e condenar este procedimento ignorando que, na época, havia muitos vendedores ambulantes, das mais variadas profissões, que pagavam a sua licença camarária e eram frequentemente atacados por cães vadios, nomeadamente os vendedores de fruta e produtos frescos que se deslocavam em carroças puxadas por animais, em bicicletas ou veículos a pedal, e as peixeiras, leiteiras, aguadeiros, padeiros, doceiras, gravateiros, etc. que se deslocavam a pé, transportando os seus produtos à cabeça, às costas, ao pescoço ou à cintura e os deixavam cair ao chão para fugirem dos seus dentes afiados, contando-se como verdadeira a história de duas varinas que foram assassinadas por uma matilha de 7 cães vadios, em plena cidade de Lisboa.
Estes cães não eram vacinados e atacavam as crianças e os jovens que iam e vinham a pé para a escola; envolviam-se em lutas com outros animais transmitindo-lhes doenças, como a raiva, ou provocando-lhes ferimentos graves, e espalhavam o lixo nas ruas à procura de comida.
Era impressionante vê-los, magros, escanzelados e tinhosos percorrerem as ruas de Lisboa, sempre famintos à procura de restos, conspurcando ruas e passeios com os seus dejectos, rosnando uns contra os outros, e muitas vezes mordendo os transeuntes distraídos.
Ora, sendo obrigação camarária zelar pela segurança dos seus munícipes não se encontrou, na altura, uma outra solução para resolver o problema dos cães vadios; embora, na cidade do Porto, na mesma época e com idêntico problema, os cães vadios fossem mortos com comida envenenada colocada em locais estratégicos - tal era a praga!

 

CONCLUSÃO

 

Algumas pessoas consideram que a "Queima do Gato" foi uma tradição condenável porque desconhecem todo o envolvimento em que essa tradição era festejada, afirmando que «os povos do interior eram bárbaros e atrasados porque torturavam e matavam os gatos e os coziam num cântaro», descrevendo desta maneira uma tradição que nunca viveram, negando assim as suas próprias origens, só para darem força às suas convicções ecologistas onde se encaixa, o fim das touradas, da caça aos javalis, da matança do porco, do tiro aos pombos, das caça às rolas, etc. e das manufacturas em pele, com pêlo e ossos de animais.

Apesar de estarmos 100% contra qualquer tipo de violência intencional e desnecessária contra pessoas e animais, também somos 100% a favor das tradições culturais do nosso povo, pelo que temos de saber distinguir a verdade dos factos, dos secretos intentos de algumas pessoas que ampliam e distorcem os nossos costumes tendo em vista os seus objectivos pessoais escusos e absconsos. Elas, ou desconhecem completamente a tradição, e falam do que não sabem, ou mentem deliberadamente com um falso propósito em mente.

Não alimentamos qualquer ressentimento anti-ecologista, principalmente no que respeita o controlo da poluição ambiental e a preservação da qualidade do meio ambiente, na estreita medida em que isso seja necessário à vida e à felicidade das Pessoas, mas não divinizamos nem os Animais nem a Natureza. Isso sim, são coisas de um passado... muito distante!

Colabore!
VIVALDO QUARESMA
02/02/2021

Ver também:
Histórias da Nossa Terra