Firmino
Simões Quaresma, nasceu na Benfeita, em 15/06/1892.
Era filho de António Simões Quaresma e de Emília de Jesus
Antunes, e neto de Francisco Antunes e de Maria Rosa, por
parte do pai, e de José Antunes Leitão e de Maria Bernarda,
por parte da mãe.
Teve 5 irmãs: Maria
Augusta Quaresma que casou com José Francisco Nunes;
Maria dos Anjos que casou com António Gonçalves;
Elisa de Jesus que casou com Antonino Gonçalves;
Maria Assunção de Jesus que casou com António
Francisco Nunes (Péssimo)
e Felismina de Jesus Oliveira que casou com Artur Nunes
dos Santos Oliveira.
Casou em 21/11/1912, logo
depois de ter ido à inspecção militar, com Leopoldina Gonçalves
(1888-1963), de quem teve sete filhos (uma rapariga e seis
rapazes): A Ana (1913-1992); o António (1914-2002); o César
(1916-1981); o Mário (1918-1980); o Artur, meu pai, (1919-1999);
o Adelino (1922-1999) e o Albertino (1924-2005).
A avó
Leopoldina, era filha de António Elias Gonçalves,
da Benfeita, e de Maria Cândida Gonçalves,
da Esculca, e teve várias irmãs, mas só
lhe conheci duas: Maria do Nascimento (1883-1970) que casou
com Eduardo Pinheiro, da Esculca e Ana Gonçalves
(1885-1966) que casou com José do Rosário
Gonçalves, de Folques.
O avô Firmino faleceu
subitamente, na Benfeita, em 01/11/1960, com 68 anos de
idade, vítima de congestão cerebral.
Ferreiro
de profissão, o avô Firmino ocupava parte do seu tempo nessa
actividade, tendo ainda uma loja de comércio geral,
na sua casa na Rua do Fundo, onde vendia de tudo, e vários
terrenos para cultivar com vinhas e oliveiras. Sua mulher,
a "vó Dina", tratava da casa, do marido,
da comida e dos filhos que, quando já cresciditos,
ainda em idade escolar, também ajudavam nos trabalhos
do campo; mas, todos eles, depois de concluírem a
4ª classe na escola primária da Benfeita, partiram
para Lisboa, em busca de melhores condições de vida. Apenas
a sua filha Ana, a mais velha de todos, se manteve na Benfeita.
(Mal empregadita, diziam alguns tão bonitinha,
mas não casou nem teve filhos porque teve de aturar
todos os seus irmãos, tratar dos animais e roçar
mato, não lhe tendo sobrado tempo nem para namorar).
Ao todo teve 10 netos (Nuno/1955,
do António; Graciete/1944, Alfredo/1946 e Joaquim/1948,
do César; Vitor/1945, do Mário; Lígia/1946
e Vivaldo/1948, do Artur; Carlos/1948, do Adelino; e Rogério/1956
e Graça/1961, do Albertino), mas nenhum deles nasceu na
Benfeita. Raramente lhe restava tempo para os seus netos,
que apenas via quando lá iam passar férias. Seu filho
António ficou-se por Lisboa, onde estudou e arranjou emprego
na Imprensa Nacional, mas, todos os outros, (César, Mário,
Artur, Adelino e Albertino) emigraram para Moçambique,
onde estiveram longos anos, apenas tendo regressado a Portugal
após a independência daquele território, que ocorreu em
25 de Junho de 1975.
Combateu em África, no norte
de Moçambique, na
primeira guerra mundial, para onde foi incorporado no
Regimento de Infantaria 23, Batalhão de Engenharia 7. Com
23 anos, casado e já pai de 2 filhos (Ana e António), não
chegou a assistir, por uma questão de dias, ao nascimento
do seu terceiro filho, o César, tendo embarcado para o norte
de Moçambique, na expedição do General Ferreira
Gil, em 3 de Junho de 1916, no vapor "Moçambique".
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Combateu
as tropas invasoras alemãs em Nangade e Negomano e regressou
a 1 de Agosto de 1917 com a consciência e o orgulho
do dever cumprido, embora com poucas esperanças na vitória
final. Sobre este assunto, 40 anos depois, ainda mantinha
uma grande reserva de palavras, apenas se limitando a fazer,
sem qualquer entusiasmo, uma expressão de quem tinha
"comido o prato" mas não tinha gostado!
Sobre o desgosto de não ter assistido ao nascimento
do seu filho César, fechava a cara, mas dizia: "A
primeira coisa que fiz, logo depois de ter chegado, foi
falar com o padre António, da Dreia, e organizar
a festa do baptismo, o que aconteceu no dia 15 de Agosto.
Foi uma grande festa pois também comemorava o nosso
regresso de África".
Em 4 de Setembro de 1921,
foi um dos principais fundadores da Irmandade de Nossa Senhora
da Assunção (juntamente com Pe. António
Quaresma, José Luís Gonçalves, António
Dias, António Nunes da Costa, Luís Augusto
Figueira e José Bernardo Quaresma) da qual foi diversas
vezes juíz, cargo que desempenhou com muita competência
e zelo, gozando, por isso, de muita simpatia e prestígio,
na freguesia.
Foi presidente da Junta de
Freguesia da Benfeita, de 04/11/1928 a 13/12/1930, tendo
sido sua a iniciativa de construção do primeiro chafariz
público da Benfeita, inaugurado em 1932, e que ainda hoje,
existe, na Praça Simões Dias. Foi membro activo da Comissão
Pró-Estrada de macadame, da Portelinha à Benfeita.
A ele se deve, também, a
construção do forno comunitário localizado por detrás da
sua loja, onde tinha a forja, e onde se cozia broa, assava
cabrito e se fazia tijelada e bola de bacalhau.
O
avô Firmino, gostava de tocar bandolim nas horas vagas.
Era bem apessoado, tinha uns olhos azuis muito meigos e,
segundo me constou, era muito admirado pelo elemento feminino
do seu tempo.
Foi, também, um dos
fundadores do Rancho do Benfica, em 1948, juntamente com
os seus vizinhos, Zulmira "Modista" e Albano "Poeta",
onde tocava o seu instrumento preferido, para fazerem bailaricos
ao domingo no salão da casa do poeta, e assim concorrerem
com o Rancho do Manjerico, já existente na época,
e com ele fazendo grandes e acalorados despiques.
O alho era o ingrediente
principal das suas "receitas"; porém, não faço
a mínima ideia da forma como ele as preparava ou usava.
Fiquei a saber que, na época, o alho era muito utilizado
para tratar de gripes, resfriados, tosse, enfisema, tuberculose,
febres, nefrites, cistite, inflamações e infecções em geral,
para combater insónia, feridas infecciosas, ácido úrico,
picadas de insectos e lombrigas... enfim, uma espécie
de mèzinha milagrosa, tendo ainda hoje um lugar muito
especial na "medicina doméstica".
VIVALDO QUARESMA
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