TRADIÇÃO RELIGIOSA |
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A Sagrada Família é um pequeno oratório portátil, pertencente à Igreja de Santa Cecília, que encerra as imagens de Jesus Cristo, Maria e José, e onde são depositadas as esmolas destinadas à celebração de uma missa por intenção de toda a população da aldeia, em honra da Sagrada Família. O oratório contém na sua estrutura de madeira, uma pequena caixa de esmolas com uma gavetinha fechada e cuja chave está na posse da zeladora, pessoa encarregada de recolher as esmolas e de as entregar ao tesoureiro da Fábrica da Igreja que mandará rezar uma missa. O oratório, destinado ao culto da Sagrada Família, circula pelos lares da aldeia que demonstrem o desejo da sua presença. O período de permanência em cada lar era, inicialmente, de 24 horas (uma noite e um dia); mas, dada a existência de cada vez menos gente na aldeia, a permanência do oratório é de uma semana em cada lar ou até, eventualmente, mais tempo.
A simpática obra de caridade teve início com a formação de um coro (grupo de famílias pertencentes à mesma zona ou bairro) de 30 famílias, entre as quais foi escolhida uma zeladora. A cada família foi indicado um dia fixo de cada mês para receber em casa a visita dos santos Hóspedes, sendo reservado à zeladora os dois últimos dias do mês. Durante 24 horas deve fazer-se com que arda uma lamparina de azeite ou uma vela de cera diante das santas imagens. Toda a família se reune em oração para receber, e para se despedir, de Jesus, Maria e José. Esta iniciativa foi ganhando aderentes na aldeia, tendo sido formados três coros, cada um com o seu patrono: o Coro de Santa Rita, o Coro da Capela e o Coro do Outeiro. Foi, ainda, formado outro, o Coro de São Nicolau, nos Pardieiros. Actualmente, as zeladoras do coro em
funções são: a senhora Ilda Costa, do Coro de Santa
Rita, a senhora Arménia Martinho, do Coro da Capela e a senhora
Anabela Cardoso, do Coro do Outeiro. O Coro de São Nicolau está
entregue à senhora Maria de Jesus Santos, dos Pardieiros. O culto da Sagrada Família
- Cada oratório está reservado às pessoas que participam no mesmo coro ou grupo; isto é, que vivem na mesma área, zona ou bairro, movimentando-se, em círculo, de casa em casa. Depois de terminada uma volta completa por todos os participantes, inicia-se um novo ciclo. - No final de cada ciclo; isto é, quando o oratório volta à primeira casa, que é a casa da zeladora, esta, abre a caixa, retira as esmolas para as entregar na igreja e, ela própria, inicia um novo ciclo, mantendo o oratório em sua casa pelo período de dois dias antes de o entregar na casa seguinte. - Ninguém é obrigado a receber o oratório em sua casa ou a contribuir para a caixa das esmolas e, em qualquer altura, poderá anunciar a sua vontade de sair do círculo. - Nunca é recusada a presença do oratório a novas famílias que se instalem na aldeia e demonstrem interesse em recebê-lo em sua casa. - O oratório é entregue, ao anoitecer, à famíla a quem cabe honrar a Sagrada Família no dia seguinte. - Depois de aberto, o oratório deve permanecer alumiado com uma lamparina de azeite ou uma vela de cera. - As famílias devem rezar uma breve oração diária diante da imagem.
![]() Como fazer uma lamparina: Cá na terra, não há muitos anos atrás, era vulgar fazerem-se lamparinas de azeite, coisa que por cá existia com fartura (o azeite). Hoje, as lamparinas, já não existem nas aldeias e, na cidade, são coisa chic utilizada para criar um "clima" aconchegante numa festinha mais íntima! As velas coloridas de cera perfumada ou as lamparinas eléctricas, com leds a pilhas, também resolvem esta necessidade; mas, não correspondem à simplicidade que a ocasião exige. É só juntar, em partes iguais, óleo de cozinha e água, e colocar uma porção num pequeno recipiente (copo ou tijela) com um pavio. Se não quiser comprar uma caixa de pavios pode improvisar um, fazendo uma rodela com uma rolha de cortiça de garrafão, ou madeira, com cerca de 1 cm de espessura e 2 cm de diâmetro, e forrá-la com papel de alumínio. Fazer uma pequena torcida com um bocado de tecido de algodão (como uma meia ou camisola velha) com aproximadamente 15 centímetros de comprimento. Furar a rodela com um prego e atravessá-la com a torcida, deixando cerca de 1,5 centímetros para fora e mergulhando a outra parte no líquido. Acrescentar líquido sempre que necessário. Um litro de óleo mais um litro de água dá para cerca de uma semana, continuamente. VIVALDO QUARESMA Veja aqui: |
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