ELÍSIO  DA  FONSECA

Dr.Elísio da FonsecaFilho de José Joaquim da Fonseca e de Maria Trindade da Fonseca, Elísio Dias da Fonseca nasceu na Benfeita, em 20 de Maio de 1891, tendo sido baptizado na Igreja de Santa Cecília pelo pároco Alfredo Nunes d'Oliveira, em 15 de Agosto de 1891, dia de festa da aldeia, tendo tido como padrinhos António Simões Dias e Maria José Simões Dias, irmãos do poeta Simões Dias.

Teve sete irmãs: Ressurreição, a mais velha que, segundo se cria, se viu curada de um grave eczema na perna por intercessão de Nossa Senhora de Fátima e, ainda, Laura, Adelaide, Augusta, Alda, Palmira e Isaura.

Casou com Letícia Botelho da Costa Martins, na freguesia de Nossa Senhora da Graça, na cidade da Praia, Cabo Verde, em 25/07/1935, de quem teve um filho, José Joaquim Martins da Fonseca, nascido na Praia, em 29/10/1924, que se licenciou em Direito, em Lisboa, e seguiu a Magistratura sendo Juiz Conselheiro do Tribunal Constitucional, de Agosto de 1983 a Agosto de 1989 e Presidente da Associação Sindical dos Magistrados Judiciais Portugueses.

Esteve matriculado na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra nos anos lectivos de 1912/13 a 1914/15 e de 1917/18 a 1920/21. A interrupção dos seus estudos académicos entre 1915 e 1917 deveu-se ao facto de ter sido mobilizado para a Primeira Grande Guerra.

Cripta dos CombatentesFoi à inspecção militar, em Arganil, como todos os mancebos do seu tempo, no ano em que completou 20 anos de idade, em 16/08/1911, tendo assentado praça em 15/05/1912.

Combateu na Primeira Grande Guerra, em Moçambique, para onde seguiu incorporado como Cabo, no Batalhão de Infantaria nº 23, no dia 3 de Junho de 1916, no paquete "Moçambique".

Presume-se que tenha concluído o seu percurso académico em Lisboa, entre 1922 e 1932, ano em que, com 41 anos de idade, defendeu a sua tese de doutoramento em Medicina e Cirurgia, na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, com o título "Contribuição para o estudo da resistência globular no paludismo secundário", tendo dedicado a sua carta de doutor a seus pais como sendo a maior recompensa aos seus sacrifícios, e a suas irmãs, com muita amizade.

Seguiu a carreira militar tendo sido promovido ao posto de Tenente em 07/06/1923. Ingressou no quadro dos oficiais superiores como Major-médico na ex-colónia de Cabo Verde, onde gozou de bem merecida simpatia e reputação, tendo sido director dos Serviços de Saúde do arquipélago durante vários anos.
Em 1934 já era Capitão-médico, sendo posteriormente promovido a Tenente-Coronel e Coronel, tendo-se reformado por ter atingido o limite de idade.

Escreveu "Breves apontamentos acerca de alguns problemas médicos e da ocupação sanitária do ultramar", em 1953, publicado em separata nos anais do Instituto de Medicina Tropical.

Fez parte dos primeiros corpos gerentes da Liga de Melhoramentos da Freguesia da Benfeita, eleitos em 1945, sendo o seu 1º Presidente de Direcção, até 07/01/1949.
A sua presença em todas as reuniões preliminares, ordinárias e extraordinárias, e o seu interesse constante, ajudaram a manter e a engrandecer o nome da Liga.
Sentia-se "benfeitense de alma e coração", muito embora a sua actividade profissional o tivesse, por vezes, afastado do convívio da sua terra.
Foi uma personalidade sempre extraordinariamente empenhada na função da Liga, nos seus objectivos de execução material e na renovação espiritual, cultural e social dos benfeitenses.

Na Assembleia Geral da Liga de Melhoramentos da Freguesia da Benfeita, realizada em Lisboa, em 22/01/1954, na Casa da Comarca de Arganil, Rua da Fé, 23-1º, sob a presidência do Dr. Mário Mathias, foi louvado o esforço e a acção do seu presidente, António Correia e do Dr. Elísio Dias da Fonseca, vice-presidente, sobre a electrificação da sede da freguesia, tendo a Liga entregue, nesse ano, a quantia de 105 contos à Hidro-Eléctrica de Arganil, como início de pagamento da sua comparticipação, sendo os restantes 50 contos entregues em duas prestações: com o início dos trabalhos e na data em que a luz chegasse à Benfeita, o que viria a acontecer em 12/08/1955.

Regressou a Lisboa em Dezembro de 1974, vindo de Lourenço Marques, Moçambique, local onde residiu durante muitos anos.

Elísio Dias da Fonseca faleceu em Lisboa com 86 anos de idade, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, em 25/07/1977, dia em que completava 42 anos de casado. O seu funeral realizou-se no dia seguinte para o cemitério do Alto São João tendo sido sepultado no Talhão dos Combatentes, campa 785, e trasladado para a Cripta dos Combatentes, em 23/10/1987, urna 6624.

Vivaldo Quaresma

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