CTT  DA  BENFEITA

CTT nas Juntas de Freguesia

Correios mudam de sítio

O edifício, em cujo Rés-do-Chão funcionou, nos últimos 38 anos, os CTT da Benfeita, embora sendo propriedade de Dª Lucinda Dias, mãe do professor Carlos Dias (Carlos da Capela), foi concebido propositadamente para instalação dos serviços dos CTT.
Foi construído pelo benfeitense Alberto Bernardo Dias, sob planta e fiscalização técnica dos engenheiros da Administração Geral dos Correios, Telégrafos e Telefones, mercê de um contrato de aluguer entre o proprietário construtor e aquele Departamento do Estado.

Foi inaugurado em 27/06/1966, com toda a pompa e circunstância, na presença do Sr.Governador Civil do Distrito de Coimbra, Eng. José Horácio de Moura e de um qualificado representante do Correio-Mor. Ao acto estiveram presentes, o prior da freguesia - Padre Joaquim da Costa Loureiro, o Presidente da Junta de Freguesia - Dr.Mário Mathias, o Presidente da Câmara Municipal de Arganil - Coronel Silva Sanches e o médico municipal de Arganil - Dr.Parente dos Santos, entre outras individualidades e público.

Por decisão estratégica dos CTT, foi decidido encerrar todas as estações e postos dos Correios, "nas zonas rurais e de densidade populacional reduzida". Com base nesta decisão foi assinado, em 2 de Setembro de 2003, um protocolo entre os CTT-Correios de Portugal e a ANAFRE-Associação Nacional de Freguesias, com vista à transferência, para aquelas autarquias, das estações e postos de correio abrangidos.

O processo de encerramento do posto de correio da Benfeita e a transferência dos respectivos serviços de venda ao público para a Junta de Freguesia gerou alguma insatisfação e descontentamento na população e na autarquia; porém, os CTT e a Anafre não reconheceram os argumentos que estiveram na base da contestação, gerada a nível nacional, salientando que a transferência da rede de atendimento previu, precisamente:

1 - Garantir um serviço melhor e mais próximo das populações e em condições de maior dignidade;
2 - Permitir um melhor atendimento, já que haverá um alargamento de horário, uma vez que, actualmente, algumas das ECA'S (Estações de Correio Auxiliares) funcionam só a meio tempo ou estão abertas apenas duas ou três horas por dia e as sedes das Juntas de Freguesia estão abertas durante muito mais horas.
3 - Permitir a passagem do espaço vago pelo encerramento do posto dos CTT, para as Juntas de Freguesia que não tenham instalações ou tenham instalações insuficientes, ao abrigo da Lei do Comodato.
4 - Nos casos em que a Junta de Freguesia não queira assumir o atendimento, os CTT procuram outro parceiro, no comércio ou associação local, admitindo a possibilidade de manter o balcão aberto se não for possível encontrar alternativa.
5 - Os CTT não saem dos locais onde prestam os seus serviços, pois continuarão a ser os responsáveis por todo o tratamento, transporte e distribuição postal e responsáveis pelo serviço postal universal.

Edifício da Junta de FreguesiaSegundo os CTT, "o serviço prestado pelas actuais Estações de Correio Auxiliares não vão acabar, apenas mudam de mão", e se "os funcionários dos CTT são ajuramentados e têm dever de sigilo, também os funcionários públicos, das Juntas de Freguesia, estão obrigados ao dever de sigilo".

103 das 450 autarquias em que as Juntas de Freguesia não têm sede, passarão a funcionar nos edifícios dos CTT, e nas situações em que não têm pessoal, a transferência dos serviços vai "possibilitar e sustentar o seu funcionamento".

Os CTT e a Junta de Freguesia da Benfeita, já concluíram o processo de transferência, tendo sido assinado um "Contrato de Prestação de Serviços", a partir de 01/03/2004, data em que o novo posto de atendimento entrou em funcionamento na sede da Junta, no Areal, das 09:00 às 12:30 horas.

VIVALDO QUARESMA

... recordando

Serviço postal

A Benfeita teve um excelente serviço postal, que ultrapassa a memória dos mais antigos, pois vinha diariamente, desde o século passado. É certo que nem todas as povoações da freguesia possuíam esse beneficio, mas como de todas as aldeias vinham muitas pessoas à missa dominical, a correspondência chegava sem demasiada demora a todos os destinatários, que só raros sabiam ler, diga-se em homenagem à verdade...

A Benfeita era servida diariamente por um correio que saía de Côja, e se chamava, se a memória não nos engana, o Albino, do Pisão, que transportava a "mala" à tiracolo, aberta, e entregava pessoalmente a correspondência destinada à Dreia.

Na Peneda Lisa o correio fazia soar um primeiro toque da sua corneta característica, que repetia pela Várzea, no adro da igreja, e depois na Praça, junto ao posto do correio que estava a cargo do "velho" António dos Reis, que sempre conheci assim, com as suas suíças pigarças, seu chapéu braguês e seu feitio carrancudo, que por certo motivara a alcunha, que aliás ninguém se atrevia a dizer na sua presença, de "tio Carrascas".

A "caixa postal" estava instalada junto à "Casa Alta", numa loja que serve hoje, depois de transformada e ampliada, de cozinha ao António Francisco Nunes. Ali acudia uma verdadeira multidão, para saber as "novidades", num vero quadro da vida rural das nossas aldeias, que o reputado escritor Júlio Dinis magistralmente descreveu num dos seus livros - "A Morgadinha dos Canaviais".

A correspondência para os Pardieiros era apartada e metida num saco, confiado, sem perigo de extravio ou de devassa de qualquer pessoa, à "muda" Maria da Assunção, que a levava ao encarregado da "caixa postal", e seu patrão, José Madeira.

Mais tarde, a "caixa postal", não sabemos se por morte ou renúncia de António dos Reis, passou para o "fundo", para a loja de Manuel Rosário Dias, sendo seu filho o padre despadrado António do Rosário Dias, a quem o povo chamava "padre pepino", quem abria, carimbava, lia todos os postais e o mais que lhe interessasse, antes de entregar a correspondência aos destinatários... Depois de várias queixas, o ex-padre houve por bem vender as casas que cá tinha feito ao alfaiate Luís, de Avô, e mudar-se para Arganil, onde foi ajudante do Registo Civil.

Passou o posto do correio, acrescido cerca de 1939 da cabine telefónica, que nos punha em comunicação com todo o país, e foi inaugurada festivamente com música e foguetes e uma chamada especial, a primeira, para Lisboa, para Leonardo Gonçalves Mathias, propugnador infatigável desse melhoramento, passou - dizíamos - para a loja do Guilherme da Fonseca, que gratuitamente se prontificou a fazer todo o serviço da cabine telefónica, inclusivamente as chamadas com aviso.

Mais tarde foi nomeado encarregado do correio e do telefone, elevado tempo depois a estação postal de terceira, e a estação telefónica, com ligação para todas as povoações da freguesia e limítrofes, António Nunes da Costa, sempre gentilmente coadjuvado por sua esposa e filhos e mais família.

Em 1969, os CTT instalaram-se num edifício de aluguer construído especialmente, sob projecto fornecido pela Administração Geral, pelo nosso conterrâneo Alberto Dias, passando os serviços a ser desempenhados por funcionários privativos, que no edifício têm residência própria, que aliás nem sempre ocupam. Há dois anos, o serviço telefónico passou a fazer-se automaticamente dentro da nossa rede, bem como para os concelhos limítrofes, para Coimbra, Lisboa, e quase toda a rede do país.

A Comarca d'Arganil
28/08/1973