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Os colhereiros da freguesia da Benfeita tiveram uma época áurea de muita actividade. Os
vendilhões de colheres de pau, gamelas e palitos - produtos cuja venda, andava habitualmente associada,
frequentavam em grande número as feiras e os mercados da região. Esta antiga e tradicional arte de "esculpir"
colheres de pau, com especial relevo nos Pardieiros e nas Luadas, é uma espécie de
ex-libris do concelho. No entanto, esta arte, foi desaparecendo gradualmente e esteve já extinta na Benfeita.
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Teimosamente, hoje, apenas um artesão se dedica a esta arte, na Benfeita, pelo prazer que isso lhe
proporciona e pela vontade enorme que tem, de ver ressurgir esta actividade, na sua aldeia. Porém, Alberto Simões Gonçalves
confessa, um pouco desanimado, que "esta arte é mal remunerada e a concorrência mecânica é muito forte; juntando-se ainda,
a isto, a falta de gente com capacidade e vontade para trabalhar nesta
actividade".
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O seu estado de saúde não lhe permite ser mais produtivo nesta
arte; no entanto, recusa a inactividade! Viveu longos anos em
África e esta sua "vocação" de colhereiro só eclodiu
após o seu regresso. "Sinto-me um amador nesta profissão, embora me esforce
por ser perfeito e fazer o meu trabalho com qualidade!"
"Há peças que saem umas autênticas obras de arte, mas o cliente
vulgar pouco se importa com isso. Algumas destas peças são utilizadas
como artesanato decorativo, principalmente as de maior dimensão;
mas, ainda há muita gente que utiliza as minhas colheres de pau na
cozinha tradicional".
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O uso da colher de pau como utensílio de culinária tem persistido desde os tempos mais
remotos graças às suas propriedades físicas únicas: peso específico e resistência
térmica e dinâmica. Muitos cozinheiros e pasteleiros consideram que nem
o plástico nem o metal têm características capazes de substituir a
velha colher de pau. Outros, mesmo, indicam que deve usar-se somente
colheres de pau para mexer em panelas de alumínio, barro ou teflon (anti-aderentes).
A vulgar colher de pau, talhada manualmente sem recurso a ferramentas
eléctricas, tem hoje as honras e o preço das verdadeiras peças de
artesanato. Surpreende e fascina ver a destreza e rapidez com que os colhereiros vão
dando forma a um pedaço de madeira, utilizando diversos cortantes de aço
e o apoio de um cepo, como bancada de trabalho.
Aparentemente qualquer pessoa poderá fazer uma colher de pau. Antigamente até era
hábito dizer-se: "Quem não tem que fazer, faz colheres!". No
entanto, colheres de pau bem feitas, só o conseguem os mais experientes. Em Portugal
é vulgar fazerem-se colheres de pau em madeira de pinho. Noutros países
são utilizadas madeiras mais nobres, como por exemplo, o carvalho e o
castanheiro.
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