
A COMARCA DE ARGANIL - 06/12/2001
A nova moeda e os costumes
Esteve
na Benfeita, onde prestou uma sessão de esclarecimento
sobre a mudança do escudo para o euro, o Dr. Miguel
Ventura, da Associação de Desenvolvimento de Góis
e da Beira Serra (ADEBER) a que assistiram mais
de cinquenta pessoas, algumas vindas das povoações
da freguesia, que consideraram de proveitosa a informação.
Para além disto o Grupo Coral da
Benfeita realizou no passado domingo um magusto,
que teve lugar no largo do Areal, junto à sede da
Junta de Freguesia, com a finalidade de unir as
pessoas em convívio. Associou-se o Centro Social
Paroquial da Benfeita e a Dr.ª Maria do Rosário
Pimental incentivou os utentes a estarem presentes
e o padre António Dinis celebrou a missa dominical.
Às 14:30 horas e após a missa foi então que muita
gente se reuniu em torno dos fogareiros onde as
belas castanhas assadas atraiam os presentes e proporcionaram
um animado convívio. A pinga não faltou e houve
ainda muito e bom caldo verde.
Entretanto terminou a apanha da azeitona
que este ano, não tendo sido abundante, o azeite
é de boa qualidade.
O São Martinho, que em tempos
idos era festejado na nossa terra com alguma animação,
especialmente com magustos e abertura do pipo do
vinho novo, este ano pouco ou nada se notou.
Era hábito, depois da visita às adegas, juntarem-se
os homens nas tabernas onde pela noite havia sempre
um que tomava uma dose maior e por vezes cambaleava,
passando a ser "juiz" até ao próximo ano.
Todos estes costumes vão acabando!
Nos Hospitais da Universidade de
Coimbra, foi submetido a uma melindrosa operação
cirúrgica o nosso conterrâneo José Bernardo Quaresma.
Tendo já regressado a casa está entregue aos cuidados
de sua filha Arlete Martins Quaresma Almeida, residente
em Coimbra, e a quem desejamos boas melhoras.
ARTUR NUNES DA COSTA
A COMARCA DE ARGANIL - 15/11/2001
Aproveitar as potencialidades e eliminar
dificuldades
António
Quaresma Martinho é um bom exemplo de um fenómeno
novo que se passa nas terras do interior, fenómeno
que não está ainda estudado e, muito menos, aproveitado.
Ou seja: é sabido que nas últimas 4 décadas se acentuou
a desertificação do mundo rural, mas que também
nos últimos anos se tem verificado um regresso de
muitos dos que um dia partiram, alguns para terras
distantes.
Tem isto a ver com a nítida melhoria
das condições de vida das nossas aldeias, condições
que permitem, de facto, o gozo das reformas, após
uma vida de trabalho com inegável qualidade de vida.
Na maioria dos casos quem regressa
traz saber e experiência, factores que bem poderiam
ser aproveitados para o necessário desenvolvimento
das nossas terras.
E se nalguns casos se nota ainda
algum farisaísmo, verdade se diga que em Benfeita
reside um bom exemplo de como o interesse colectivo
é capaz de suplantar egoísmos e orgulhos dos pequenos
deuses caseiros.
Vestígios abundantes indiciam uma
antiguidade muito longínqua desta aldeia que, ainda
muito antes de ter uma ligação (física) aceitável
com o mundo circundante, já constituía um farol
entre montes e vales. De facto, foram factores de
ordem cultural que alçapremaram esta localidade
de tal modo que a sua projecção se espalhou com
invulgar dimensão a uma escala que ultrapassava
os acanhados limites regionais. Isto é: podia não
se saber onde se localizava Benfeita, mas toda a
gente sabia que existia.
E se há conhecimento de que já no
século XVIII padres da Companhia de Jesus tomavam
parte na evangelização do Brasil, viria depois a
juntar-se a craveira de Simões Dias no século seguinte,
para além de outras figuras de destaque como a família
Mathias.
Por tudo isto não surpreende que
a Benfeita se apresente com um enquadramento urbanístico
cativante, com belos exemplares de arquitectura
civil e religiosa.
É este potencial que António Quaresma
Martinho pretende dinamizar, de modo a tornar ainda
mais apetecível a zona que margina as duas ribeiras
que, na sua poética, reforçam toda a ambiência que
aqui se respira.
E assim, enquanto se aguarda a reabilitação
do tecido urbano (por parte do GTL), o presidente
da Junta de Freguesia avança já com a intenção de
"arejar" a ribeira da Mata, junto à confluência
com a do Carcavão (no Areal) retirando-lhe a cobertura
em cimento (do recinto desportivo) decerto construída
com boa intenção, mas hoje completamente desenquadrada.
O recinto desportivo será transferido para junto
à encosta onde se situa a romântica fonte que necessita
de ser rebaptizada, na medida em que a denominação
de "Fonte das Moscas" em tudo contraria a sensação
de beleza e frescura que ali se usufrui.
Mas uma freguesia que dispõe de polos
de atracção como o santuário de Nossa Senhora das
Necessidades, a Fraga da Pena (neste momento a receber
obras de beneficiação com a colaboração do ICN)
ou a Mata da Margaraça, tem também de dispor de
melhores condições de acesso.
Por isso está já em estudo uma estrada
panorâmica, bem como a melhoria da que liga Coja
a Porto da Balsa.
Todos estes projectos de ordem material,
a par de outros, indiciam uma inquestionável vontade
de acertar o passo com o futuro. Mas também os de
ordem social estão na mente de António Quaresma
Martinho, alguns de profundo alcance como o que
se projecta para a Quinta do Dr. Urbano. E neste
âmbito, é com comovedora satisfação que refere a
electrificação de Chão de Valado, um modesto casal,
junto a Monte Frio, que assim teve possibilidade
de entender o mundo actual com a plenitude de todos
os sentidos
E a propósito apetece recordar os
versos de Simões Dias, quando diz:
"Desvendar o futuro, ao cérebro
dar luz
Tornar menos pesada a ensanguentada cruz
De quem vai seu calvário e à custa de fadiga
Na sombra anda a buscar do amigo a mão amiga (...)."
A.V.
A COMARCA DE ARGANIL - 11/09/2001
Liga de Melhoramentos da Freguesia de Benfeita
Comissão recordou antigos
dirigentes
Assinalando
mais um aniversário a Liga de Melhoramentos da Freguesia
da Benfeita organizou uma simbólica festa que teve
por objectivo homenagear todos os presidentes de
Direcção desde a sua fundação, distinguindo António
Nunes Leitão, que foi também um dos maiores beneméritos
desta freguesia nas últimas décadas.
A iniciar a solenidade teve lugar,
na igreja paroquial, uma missa por alma de todos
os sócios e presidentes já falecidos, que foi celebrada
pelo padre António Dinis que, na altura própria,
elogiou os promotores da homenagem por tão feliz
ideia.
Em seguida realizou-se uma romagem
ao cemitério da Benfeita onde foi descerrada uma
lápide e cobertura em mármore na campa de António
Nunes Leitão, tendo o Eng.º Carlos Carvalho, presidente
da Liga, o Eng.º Carlos Brandão, membro da Liga,
e Fernando Ferreira, presidente da Assembleia de
Freguesia, palavras de gratidão à memória
de António Leitão. Terminada a romagem ao cemitério
toda a gente se concentrou na sede da Liga onde
numa parede da sala principal foram colocadas as
fotografias dos ex-presidentes e se procedeu ao
seu descerramento. Para além dos membros da Direcção
da Liga, dos presidentes da Junta e Assembleia de
Freguesia encontravam-se presentes Mário Vale, vereador
da Cultura da Câmara Municipal, Hildeberto Teixeira,
em representação do Governador Civil de Coimbra,
e Dr. Dinis Jaime, que representava a Federação
Portuguesa das Colectividades Cultura e Recreio.
Foram oradores alguns membros da Liga, Mário Vale,
Fernando Ferreira, Dr. Dinis Jaime e Hildeberto
Teixeira que, como todos os outros, louvaram a actividade
da Liga durante mais de meio século e apelaram para
que a homenagem fosse extensiva às esposas. Terminou
a festa com um beberete que decorreu na maior harmonia.
Durante a sua existência, a Liga
de Melhoramentos da Freguesia de Benfeita teve os
seguintes presidentes: Dr. Elísio Dias da Fonseca,
António Correia, António Nunes Leitão, António Gaspar
Pimenta, José Macedo dos Santos, António Oliveira
Gaspar, Hermínio Filipe Dias, Alfredo Oliveira Gonçalves
Martins, António Rosário Dias, José Augusto Gomes
Simões, José Alberto Oliveira Gaspar, Manuel de
Jesus Farto, António Augusto Correia Marques, Manuel
Simões e José António Ramos Santos.

A COMARCA DE ARGANIL - 05/07/2001
Exposição de Alberto
Péssimo
No próximo
sábado, pelas 19 horas, na Sala Guilherme Filipe,
será inaugurada uma exposição intitulada "As Meninas",
da autoria do artista Alberto Péssimo, com a qual
será dado início ao Ciclo de Exposições de Artistas
do concelho de Arganil.
Alberto Péssimo é o pseudónimo de
Carlos Alberto Nunes Dias, ligado à Benfeita (Arganil),
onde tem casa e se desloca frequentemente, utilizando
também o pseudónimo de Carlos da Capela. Carlos
Dias é poeta, pintor e escultor, formado pela Escola
de Belas Artes do Porto, leccionando naquela cidade
no Colégio dos Órfãos.
Paralelamente tem sido também encenador
em várias peças de teatro em parceria com outros
artistas, para além de ser orientador de cursos
de teatro.
É membro de várias organizações culturais,
como a Cooperativa Arganília e Editorial Moura Pinto,
e colaborador de vários jornais, nomeadamente de
A Comarca de Arganil.
Na poesia, para além de poemas dispersos
publicou "Cancioneiro da Benfeita" (1988) e "Preces"
(1988) e em prosa escreveu "Benfeita - Movimento
Regionalista" (1989), "As Alminhas Populares" (1987)
e "Alberto de Moura Pinto" (selecção e organização
- 1994).

A COMARCA DE ARGANIL - 12/07/2001
OS NOSSOS ARTISTAS
As "Meninas" de Alberto Péssimo
Encontra-se
patente na sala Guilherme Filipe, no Museu Etnográfico
de Arganil, a exposição de pintura de Alberto Péssimo,
artista oriundo de Benfeita (Carlos Dias), que também
usa o pseudónimo literário de Carlos da Capela.
Nestes trabalhos, que Rui Madeira
classifica como uma "materialização do olhar", Alberto
Péssimo apresenta-se como o mais vanguardista do
nossos artistas (leia-se, da nossa região) e, por
isso, a sua arte está longe de captar os favores
de um público cujas matrizes artísticas se inclinam
para os trabalhos reveladores de jeito de mão.
Mas, talvez por não percorrer trajectos
mercantilistas, Alberto Péssimo plasma nas suas
obras toda uma formação que tem em conta que todo
o acto artístico encerra em si um momento de criação.
Criação que é também um momento de ruptura, para
quem não queira pactuar com valores fáceis.
Nas "Meninas", que agora apresenta
em Arganil, é notório que Alberto Péssimo não procura
trilhar os caminhos dos interesses e, sem tibiezas,
assume-se como um autor que dá vida (ou decompõe)
as figuras. E, se por um lado, lhes pode roubar
a aparência, já, por outro, dá-lhes vida e diálogo.
E aqui entra o encenador que Alberto
Péssimo também é, faceta que se salienta no modo
como trata, num universo muito pessoal, situações
como o risco, a caricatura e o humor.
Dessa "representação" resulta que
em cada quadro há uma história (romanesca) que leva
até aos espectadores sonhos, utopias, desesperos
e esperanças, mistura que, no entanto, não esconde
um sentimento primeiro: a melancolia.
Em suma: Alberto Péssimo, ainda que
não o pareça, na sua orientação estética concede
especial importância à figura humana. Não em traços
de macaqueação, mas sim de experimentação, inovação
e coração.
A. V.

A COMARCA DE ARGANIL - 17/07/2001
Exposição do pintor
Alberto Péssimo
Velasquez
é um dos nomes mais sonantes da pintura universal,
como é sabido, tendo provavelmente no quadro
intitulado "As Meninas" a sua obra mais famosa.
Este quadro, com efeito, de tão conhecido, estudado,
referido e admirado, acabaria por corresponder a
uma das referências mais luminosas do universo da
pintura. Nesta ordem de ideias, alguns têm
sido os pintores que, numa espécie de homenagem
à memória do grande artista sevilhano, se têm entregue
ao "divertimento" pictórico de fazerem a leitura
de "As Meninas" dum modo muito pessoal. Acontece
que Alberto Péssimo, o pintor arganilense por adopção
que faz a sua vida na cidade do Porto, foi um desses
artistas. De facto, concebeu e produziu uma série
de quadros, a par de um tríptico de muito maiores
dimensões, destinados a ser encarados como partes
dum conjunto único. Digamos uma colecção de sessenta
variações desenvolvidas em torno de um mesmo tema:
"As Meninas", de Velasquez. Variações a que o artista
ligado à Benfeita imprimiu, naturalmente, o seu
cunho próprio. Ora, foi a exposição dessa colecção
de sessenta peças que Alberto Péssimo, em colaboração
com o Pelouro da Cultura, do Município arganilense,
apresentou, no passado dia 7, na Sala Guilherme
Filipe, na Casa da Cultura de Arganil.
A concepção deste trabalho terá sido
bastante influenciada pela forte ligação que Alberto
Péssimo mantém, há anos, à produção do espectáculo
teatral, domínio em que igualmente se tem vindo
a afirmar e a impor como cenógrafo e figurinista,
principalmente, mercê de uma dedicação persistente
e deveras meritória. É Rui Madeira quem chama
a atenção para o facto dessa ligação nas palavras
com que abre o catálogo da exposição de uma outra
serie de trabalhos que Alberto Péssimo dedicou ao
mesmo assunto.
Efectivamente, o artista começa por
desconjuntar mentalmente os figurantes de "As Meninas",
para seguidamente os tratar, isoladamente ou não,
reduzidos à maior simplicidade, em diferentes posições,
segundo novas perspectivas, alterando a incidência
da luz que recebem, modificando o vestuário que
usam. E como o autor recorre a um estilo de pintura
que faz gala em não reproduzir fielmente as feições
das figuras reproduzidas, visando mesmo o efeito
contrário, elas acabam por ganhar um ar estranho,
quase tosco, muito embora conservando sempre um
resto de sinais distintivos da sua identidade. E
a propósito do estilo de Alberto Péssimo, ou melhor,
do estilo que o pintor adopta nesta série de trabalhos,
em que a simplificação e a deformação são notas
dominantes, volto a dizer, não quero deixar de referir
um ponto que feriu especialmente a minha atenção:
a facilidade com que o artista, com uma tão grande
economia de meios, consegue captar a "pose" - com
alusão especial ao olhar - das figuras do painel
central do tríptico, de que atrás falei. Penso que
se trata aí dum pormenor bem revelador do talento
do artista arganilense.
Sejamos francos: Alberto Péssimo
não é um pintor "fácil". O carácter vincadamente
modernista desta sua maneira de se exprimir presta-se
a facilmente chocar o chamado grande público, no
meio do qual me incluo. Efectivamente, devo confessar
que dou a minha preferência ao estilo, mais tradicional,
que o artista costuma usar quando é motivado
pela contemplação da paisagem, por exemplo. Não
obstante, quero também acrescentar que sinto alguma
coisa a dizer-me que Alberto Péssimo, com este seu
trabalho, deu um decisivo passo em frente na sua
caminhada de pintor. Se outros indícios não tivesse,
bastar-me-ia este que não costuma falhar: o interesse
com que - noto - o seu nome e a sua obra começam
a ser referidos entre os seus pares, razão pela
qual não hesito em lhe enviar daqui, para remate
desta simples noticia, um sentido abraço de parabéns.
Parabéns extensivos, claro à Câmara Municipal
de Arganil por mais esta iniciativa em prol da elevação
do nível cultural dos seus munícipes.
AMÂNDIO GALVÃO
Veja também:
Alberto
Péssimo
A COMARCA DE ARGANIL - 28/06/2001
Festa do Santíssimo Sacramento
Teve
lugar na Benfeita a festa em honra do Santíssimo
Sacramento, em que toda a freguesia religiosamente
comparticipou, muitos certamente com aquilo que
lhes é possível, outros com aquilo que a consciência
lhes pede, mas de facto verificou-se na maioria
a sua crença e espírito de fé e se não houver estes
dons é difícil organizar a festa, pois a população
é cada vez menor e os custos cada vez maiores.
Salvo raríssimas excepções, toda
a gente concorre voluntariamente para esta solenidade
religiosa, o que mostra bem a crença que o povo
mantém e que é também motivo de satisfação ou uma
espécie de recompensa para quem se disponibiliza
para esta incumbência.
Todas as cerimónias decorreram na
igreja de Santa Cecília, presididas pelo padre António
Dinis, que tudo orientou com o melhor requinte,
tendo tudo corrido da melhor forma possível.
Várias crianças comungaram pela primeira
vez, outras fizeram a sua Profissão de Fé e após
a missa solene seguiu-se a procissão que percorreu
as ruas pelo itinerário do costume e em que se incorporaram
as Irmandades da Senhora da Paz, do Sardal; S. Nicolau,
de Pardieiros e Senhora da Assunção e Santíssimo,
da Benfeita, e muito povo, tendo-se de seguida procedido
à venda de fogaças no Largo do Areal.
Após o almoço a Filarmónica "Pátria
Nova", de Coja, deu um concerto no Areal, tendo
sido muito aplaudida.
CENTRO SOCIAL
O Centro Social da Benfeita continua
sempre que possível a preparar divertimentos para
os seus utentes. Desta vez foi em Coja, onde o Centro
Social daquela vila organizou o Grande Prémio de
Atletismo para jovens e adultos e entre, outras
freguesias, também a Benfeita esteve presente.
Todas as pessoas que ali se deslocaram
para assistir ou participar dizem que só trouxeram
boas recordações.
SEDE DA LIGA DE MELHORAMENTOS
Foram já iniciadas as obras de restauro
da sede da Liga de Melhoramentos da Freguesia da
Benfeita, esperando-se que no próximo Verão tudo
esteja pronto para que ela possa ter um novo aspecto
e dar melhor comodidade aos associados e amigos.
VISITAS
O almoço de comemoração do aniversário
da Liga, que há dias decorreu em Lisboa e, ao que
consta, em ambiente bastante agradável, não facilitou
que os benfeitenses ausentes naquela cidade aproveitassem
os feriados, pois apenas contámos com a visita do
Eng.º José Mário Mathias, que aqui passou uns dias.
A.COSTA
A COMARCA DE ARGANIL - 07/06/2001
Aniversário da Liga de Melhoramentos
Foi
em Lisboa que a Liga de Melhoramentos da Freguesia
de Benfeita comemorou o 56º aniversário da sua fundação
com um almoço de convívio, que reuniu uma boa assistência
e teve lugar no restaurante "Stadium", no Estádio
Universitário.
A mesa de honra foi constituída por
Dorinda Martins, senhora já idosa que representava
as restantes senhoras de Benfeita; Dr. Ivan Nunes
Pratas, pela juventude da mesma aldeia; Carlos Brandão;
Eng.º João Manuel Rodrigues de Oliveira, vereador
da Câmara Municipal de Arganil; Carlos Pacheco,
presidente da Direcção; Aurélio Quaresma; Alfredo
Paulo de Jesus, presidente do Conselho Fiscal, que
também representava a colectividade de Covanca;
Fernando Ferreira, presidente da Assembleia de Freguesia;
Helena Santos e Carlos Cerejeira.
A imprensa de Arganil esteve representada
por António Neves Tavares e estavam ainda representadas
as colectividades de Luadas e Pardieiros, lugares
da freguesia.
Findo o almoço Carlos Brandão leu
uma carta de Carlos Ramalho, que entre outras coisas
dizia "ser com imensa pena que se encontrava ausente",
porém, razões de ordem familiar, já explicadas ao
presidente da Direcção, não lhe permitiam confraternizar.
No entanto deixou bem patente no seu escrito a ideia
de que se a presença física não era possível, estava
de alma e coração, bem como agradecia daquela forma
a comparência de todos naquele convívio. Após esta
explicação que se impunha, recordava todos os que
antes trabalharam e contribuíram para o desenvolvimento
e para que ainda hoje exista a Liga de Melhoramentos
da Freguesia de Benfeita. A esses, e foram muitos,
o seu bem-haja. Mais adiante dizia que estas instituições
foram criadas e implementadas para dar resposta
a alguns anseios das populações onde não era possível
uma intervenção do Estado, e que hoje se justifica
a sua existência desde que visem a solidariedade
e convívio social dos cidadãos. Lembrava que a Liga,
aos residentes, devia proporcionar as melhores condições
de forma a suprir as suas necessidades ou suavizar
o seu "isolamento" e a falta dos seus familiares,
uns, "que já partiram" e outros que residem fora.
A estes últimos, que pelo menos sirva
de motivo para estas confraternizações, pois muitos
deles, às vezes vivendo perto, só se vêem ou convivem
de longe em longe. Terminou dizendo que esta direcção
e restantes órgãos sociais, tem grande vontade em
dinamizar a vida da Liga, mas que para isso precisam
da ajuda de todos.
O Dr. Ivan Nunes Pratas, pela "Juventude",
também leu urna carta de Salvador Pratas, que não
pôde estar presente mas não se esqueceu de mandar
um envelope com um cheque/mistério, que só podia
ser aberto depois de arrematado em leilão, o qual
foi adquirido por Helena Santos por 60.000$00, tendo-se
verificado posteriormente que era no valor de 50.000$00.
Alfredo Paulo de Jesus, pela Covanca,
mas com ligações pelo casamento à Benfeita, deu
os parabéns à aniversariante e disse poderem contar
com ele para tudo quanto seja necessário em prol
da Beira-Serra.
Luís Miguel, pelas Luadas, desejou
à Liga as maiores felicidades para o benefício da
freguesia.
José Carlos dos Santos, por Pardieiros,
desejou à nova direcção os maiores êxitos para resolver
todos os problemas que se propuseram realizar.
O Eng.º João Oliveira começou por
dizer não representar ali a Câmara de Arganil, pois
apenas ali estava como amigo de Benfeita, a cujos
dirigentes da Liga desejou as maiores venturas,
muito embora reconheça que as colectividades apenas
devem lutar pelo bem-estar de todos os benfeitenses,
no caso presente.
Fernando Ferreira, pela Assembleia
de Freguesia de que é presidente, disse que a Junta
estava de acordo com as iniciativas da Liga, que
felicitou pela passagem do seu aniversário.
Carlos Cerejeira fez o ponto da situação
das várias démarches em que está envolvida a Liga,
em Arganil, e disse representar Manuel Simões, grande
amigo de Benfeita, de quem era portador de alguns
haveres para o leilão, para terminar referindo-se
à actividade da Liga e do ex-presidente José António
Ramos dos Santos, recentemente falecido, a quem
foi atribuída uma calorosa salva de palmas.
Encerrou o presidente da direcção,
Carlos Pacheco, com um extenso discurso, de que
omitimos o que julgamos de menor interesse, começando
por lamentar que a festa do Santíssimo, na Benfeita,
tenha decorrido na mesma data daquele almoço de
onde desviou várias pessoas. Passou a citar as intenções
que a direcção se propunha realizar, como seja regularizar
todo o património da Liga bem como criar condições
para que os conterrâneos e amigos ao passarem pela
Benfeita possam partilhar bons momentos dentro da
sede. Para isso traçaram objectivos concretos para
o ano em curso, como sejam registar todo o património
da Liga. Neste momento já deram passos importantes
nesse sentido com a preciosa ajuda de Carlos Cerejeira.
Efetuaram as obras na sede da Liga para o que já
havia contrato assinado com um empreiteiro da região,
devendo as obras estar concluídas em Agosto. Para
concretizar as obras a realizar, pelo facto do dinheiro
existente não ser suficiente, pensam arrancar com
um peditório brevemente. Informou terem estabelecido
contacto de colaboração com entidades oficiais e
privadas, adiantando que já obtiveram resposta favorável
por parte da Carriça, de Coja, para o fornecimento
da telha e azulejos e mosaicos por parte do associado
e amigo Jorge Luís.
Pensam realizar um campeonato de
futebol no Verão de forma a chamar as pessoas das
terras vizinhas à Benfeita. Para isso já haviam
contactado com a Junta de Freguesia para clarificar
algumas dúvidas em relação ao campo de futebol,
cujo terreno é da autarquia e não como está escrito
e algumas pessoas pensam. Pensam também efectuar
na Benfeita uma festa que será designada por "O
DIA DA LIGA", onde homenagearão todos os elementos
que pertenceram aos corpos gerentes ao longo destes
56 anos, cujo programa será oportunamente divulgado.
A terminar fez votos para que na próxima comemoração
possam estar todos outra vez para estabelecerem
laços de amizade entre as diferentes gerações, garantindo
assim a continuidade da Liga.
Seguiu-se o tradicional leilão de
ofertas vindas da Benfeita, que renderam 419.000$00.
ANTÓNIO N.TAVARES
Veja também:
Almoço em Lisboa
VIVALDO QUARESMA - 05/06/2001

Centenário da "Comarca de Arganil"
Este
prestigioso jornal regional, medalha de ouro do
Concelho, com grande expansão no país
e no estrangeiro, comemorou este ano o seu centésimo
aniversário, no passado dia 1 de Janeiro.
Recordo com saudade a alegria com
que este jornal era recebido pelo meu pai nos anos
sessenta e setenta do século passado. Ele
lia e coleccionava com grande prazer todas as suas
edições e quando um número
faltava ou se atrasava andava logo irritado e fartava-se
de protestar. Eu não lhe dava tanta importância
e, com a minha idade, tinha mais que fazer e com
que me preocupar, mas habituei-me à sua presença,
como se já fizesse parte da família.
Passava-lhe os olhos com sofreguidão e só
me detinha quando encontrava notícias da
Benfeita, o que, infelizmente, raramente acontecia.
E, com isso, fui alimentando a ideia de que a Benfeita
era, também, a minha terra. Já o meu
pai lia com atenção cada notícia
e até as comentava com a família mais
próxima.
Achava curioso o poder da informação
deste jornal para aqueles que se encontravam ausentes
das suas terras; mas, na época, era o único
elo de ligação que tinham para se
manterem mais próximos e mais informados.
Outros tempos!
É pois, com grande admiração,
que aqui felicito todos aqueles, mortos e vivos,
que ao longo destes 100 anos, se dedicaram à
causa informativa deste jornal, mantendo acesa a
chama da esperança de regresso à terra,
de todos quantos pelos mais diversos motivos se
encontravam ausentes, longe do seu torrão
natal.
À Comarca de Arganil e aos
seus colaboradores desejo muitas felicidades e muitos
sucessos, na passagem deste seu 100º aniversário.
Bem-hajam!
VIVALDO QUARESMA