ALFREDO  OLIVEIRA

Alfredo OliveiraAlfredo Nunes dos Santos Oliveira nasceu na Esculca, freguesia de Côja, em 12 de Agosto de 1895 e, com a profissão de carpinteiro, foi eleito para o cargo de Presidente da Junta de Freguesia da Benfeita, em 23 de Outubro de 1933, com 38 anos de idade.

Era filho de António Nunes dos Santos Oliveira e de Maria da Natividade. Foi casado em primeiras núpcias com Palmira do Rosário Gonçalves, de quem teve a seguinte descendência: José do Rosário Oliveira, Maria da Natividade Rosário, Lucinda do Rosário Oliveira e António Nunes dos Santos Oliveira.

Casou, em segundas núpcias, em 24/11/1927, com Augusta Luís Gonçalves de Oliveira, de cujo matrimónio nasceu Assunção Gonçalves de Oliveira.

Foi combatente na Primeira Grande Guerra tendo sido incorporado como 1º cabo no G.I.A.P. (Grupo Independente de Artilharia Pesada), em França, em 1916. Fazia parte da Comissão de Culto Católico da freguesia, de que foi um dos fundadores, e presidia ao Centro de Assistência Social da Freguesia da Benfeita, onde, durante vários anos, funcionou a "Sopa", de que beneficiavam as crianças da escola, os idosos inválidos e os pobres, e que, todos os anos pelo Natal, distribuia enxovais e agasalhos aos mais necessitados.

Alfredo Nunes dos Santos Oliveira foi o presidente da Junta de Freguesia que maior número de anos permaneceu em funções, tendo contribuído para o notável progresso da Benfeita durante vinte e seis anos e, pelas suas qualidades, ganhou a amizade, o respeito e a gratidão de todos os habitantes da freguesia e de muitas povoações circunvizinhas.

O seu esforço e dedicação ficaram indelevelmente associados às seguintes obras, na Benfeita:

- Estrada Portelinha-Benfeita
- Inauguração da luz eléctrica
- Abastecimento de água
- Montagem de telefones
- Torre da Paz (ex-Torre Salazar)
- Reparação das calçadas
- Construção de estradas
- Construção do novo edifício escolar

Foi proclamado sócio benemérito da Liga de Melhoramentos da Freguesia da Benfeita, em Fevereiro de 1955, a qual reconheceu, desta forma, os múltiplos e reais benefícios prestados a toda a freguesia, e que, com total agrado e inteiro apoio da população, presidiu à Junta de Freguesia, activa, inteligente e dedicadamente.

Homenagem a Alfredo de Oliveira

Placa toponímica na aldeiaEm 24 de Abril de 1960, por iniciativa da Câmara Municipal de Arganil, sob proposta do seu vice-presidente Sr. Eduardo Jorge (Filho) foi dado o nome de Alfredo Nunes dos Santos Oliveira a uma rua da Benfeita, numa bem merecida homenagem do povo da freguesia, que traduz a admiração e o reconhecimento pelo homem que, durante 26 anos, trabalhou infatigavelmente pelo engrandecimento e embelezamento da Benfeita e que foi considerado um factor de progresso material e útil conselheiro a quem se deveu, em grande parte, a tranquilidade familiar que a Benfeita desfrutou nessa época.

A Câmara Municipal quis homenagear, assim, o homem que, pela acção desenvolvida em prol do progresso de todas as povoações da freguesia e do bem-estar geral dos seus habitantes, bem justificava essa consagração, merecendo a concordância e o aplauso geral dos naturais e amigos da freguesia.

Depois da divulgação desta resolução camarária começaram a aparecer múltiplas iniciativas de apoio ao reconhecimento público proposto, salientando-se, desde logo, a do Sr. António Gonçalves Matias, da Relva Velha, em Dezembro de 1959, que propôs a aquisição de duas placas toponímicas, a colocar no início e no fim da rua, com o nome do homenageado gravado em mármore, através de subscrição pública, com um donativo que não poderia exceder os 2$50 (vinte e cinco tostões) a enviar ao pároco da freguesia, o Padre Joaquim da Costa Loureiro.
Como "reverso da medalha", o homenageado iria receber no dia de inauguração das placas com o seu nome, o nome de todos aqueles que contribuíram para a sua compra, num belo álbum de pergaminho, ficando a documentar o seu reconhecimento e simpatia pela obra realizada ao longo de 26 anos.
Esta ideia teve imediata aceitação entre os naturais da freguesia e logo começaram a surgir na imprensa local, num entusiasmo crescente, listas com os nomes de dezenas de pessoas de todos os pontos do país, do ultramar e do estrangeiro, oferecendo a sua dádiva e manifestando o seu desejo de assistirem à cerimónia. E, mal foi acordado o dia da cerimónia para a época pascal, em 24 de Abril, domingo de Pascoela, logo foi logo demonstrado o interesse na realização de uma excursão que pudesse transportar os inúmeros benfeitenses residentes na área de Lisboa e na realização de um almoço de homenagem.
A Liga de Melhoramentos, na pessoa do seu presidente Sr. António Gaspar Pimenta, logo apareceu para se associar à homenagem, disponibilizando-se para oferecer as placas, contribuir para a festa e organizar a excursão em autocarro de luxo, tendo o Sr. Padre Joaquim da Costa Loureiro chamado a si a responsabilidade da organização de um grande almoço de confraternização regionalista.

Até então, apenas duas pessoas ilustres da Benfeita tinham recebido semelhante distinção e reconhecimento público, o professor, poeta e político Dr. José Simões Dias (1844-1899) que, no magistério, nas letras e na sua acção política muito honrou a terra onde nasceu, tendo sido atribuído o seu nome à Praça Simões Dias, e o Dr. Leonardo Gonçalves Mathias (1872-1950), funcionário do Ministério das Finanças, ferveroso regionalista, grande impulsionador da criação da Liga de Melhoramentos da Freguesia da Benfeita, em 1945, que conseguiu arrancar a sua terra à tristeza do seu isolamento e atraso, mercê do seu valor, da sua inquebrantável energia e fé contagiosa que, unindo e gavanizando todo o povo, rasgou, através de dificuldades sem conta, os quase seis quilómetros da sua estrada nova, dando início a um maravilhoso movimento bairrista. Em sua homenagem foi o seu nome dado à Rua Leonardo Gonçalves Mathias.

Para permitir aos patrícios benfeitenses associarem-se a tão justa homenagem e às cerimónias da inauguração da Rua Alfredo Nunes dos Santos Oliveira e do novo edifício escolar, foi estabelecido o seguinte programa:

Programa da festa de homenagem

  • 10:00 - Chegada das filarmónicas do Barril de Alva e de Côja;
  • 11:00 - Chegada das entidades oficiais e sessão de boas-vindas, no salão paroquial;
  • 11:30 - Missa paroquial na Igreja Matriz;
  • 12:00 - Bênção e inauguração da nova Escola Primária e inauguração da Rua Alfredo N. S. Oliveira;
  • 13:00 - Grande almoço de confraternização regionalista, de amizade e de homenagem.

Estiveram presentes, o Sr. Coronel Dr. Álvaro Duarte da Silva Sanches, presidente da Câmara Municipal de Arganil, que representava o Sr. Governador Civil de Coimbra e que se fazia acompanhar de sua esposa, Srª Dª Arminda Sanches, presidente da Comissão Municipal de Assistência, entre muitos outros ilustres convidados. Eram aguardados pelos Srs. Dr. Mário Mathias; Alfredo Nunes dos Santos Oliveira; padre Joaquim da Costa Loureiro, pároco da freguesia; António Gaspar Pimenta, presidente da direcção da Liga de Melhoramentos da Freguesia da Benfeita, e muito povo.

Depois da sessão de boas-vindas seguiu-se uma missa de acção de graças, na Igreja de Santa Cecília, pela saúde do homenageado e pelos 26 anos de permanência na Junta, celebrada pelo pároco da freguesia, a que se seguiu um cortejo até ao cimo do Oiteiro, ao som das bandas filarmónicas, onde eram aguardados pela professora Dª Maria Edite Ribeiro Saraiva com os seus alunos, e se procedeu à bênção e à inauguração da nova Escola Primária.
O cortejo desceu, depois, até à «Rua Alfredo N. S. Oliveira», que vai da Capela de Nossa Senhora da Assunção até ao Largo do Areal, tendo sido descerradas as duas placas toponímicas que se encontravam cobertas com a bandeira nacional, entre muitos discursos e ovações, vivas e foguetes.

À tarde, no Santuário de Nossa Senhora das Necessidades, da Lomba do Bujo, tiveram lugar as tradicionais cerimónias religiosas e populares do Domingo de Pascoela, que começaram cerca das 15 horas.

Alfredo OliveiraA 28 de Abril de 1960, pelas 15 horas, quatro dias após a realização da sua festa de homenagem, Alfredo Nunes dos Santos Oliveira viria a falecer, com 64 anos de idade, inesperadamente, no Hospital da Universidade de Coimbra, para onde seguira de manhã, para ser tratado duma grave intoxicação alimentar, alegadamente provocada por soro de leite que tomara na véspera.

A Benfeita estava de luto! Todos os que cá nasceram ou à Benfeita estavam ligados por quaisquer sentimentos ou interesses, sentiram, nessa hora, que tinham perdido um amigo. O seu funeral, que de Coimbra foi acompanhado de inúmeras pessoas, recebeu o canto e os solenes ofícios de oito sacerdotes. Pelas ruas da Benfeita desfilaram, em cortejo fúnebre, mais de 1.500 pessoas, provenientes de todas as povoações da freguesia, além de outras individualidades vindas de Lisboa, Porto, Coimbra, Alcobaça e Arganil.

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